Davi repudia fala de Plínio Valério sobre enforcamento de Marina Silva
O presidente do Senado destacou que a divergência política faz parte da democracia, mas que discursos com teor violento não podem ser normalizados.
Da Redação
quinta-feira, 20 de março de 2025
Atualizado às 10:00
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, repudiou nesta quarta-feira, 19, a declaração do senador Plínio Valério, que afirmou ter suportado a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, por mais de seis horas "sem enforcá-la". A fala ocorreu durante um evento da Fecomércio no Amazonas e gerou forte reação entre os parlamentares.
Conforme publicado pelo Congresso em Foco, Alcolumbre classificou a declaração como "infeliz" e afirmou que esse tipo de comentário funciona como "combustível" para um cenário de crescente polarização e agressividade na sociedade.
Durante a sessão plenária, ele destacou que a divergência política faz parte da democracia, mas que discursos com teor violento não podem ser normalizados.
"Uma fala de um senador da República, mesmo que de brincadeira ou com tom de brincadeira, agride, infelizmente, o que nós estamos querendo para o Brasil. Estamos vivendo em um país dividido e polarizado, o que está fazendo mal para as pessoas, e uma fala dessa só serve como combustível para essas agressões que estamos vendo nas famílias e na sociedade brasileira", declarou o presidente do Senado.
Após a manifestação de Davi, Plínio Valério subiu à tribuna para afirmar que sua fala foi uma brincadeira e que não teve a intenção de incitar qualquer tipo de violência. Segundo ele, o comentário foi feito em referência a uma audiência da CPI das ONGs, realizada em novembro de 2023, na qual Marina Silva compareceu.
O senador alegou que, durante a sessão, tratou a ministra com respeito, mas se frustrou com a postura dela em relação à liberação de obras na BR-319, rodovia considerada estratégica para o Amazonas.
O episódio gerou ampla repercussão no Senado. A senadora Eliziane Gama repudiou a fala de Plínio e defendeu que divergências políticas sejam debatidas de forma respeitosa.
"Se quer divergir das ideias, das discussões, dos projetos, que divirja; isso faz parte do processo democrático. Agora, ter falas que incitam, por exemplo, o ódio, a discórdia, é algo terrível e não se pode admitir", disse.
Marina Silva também se manifestou sobre o episódio em entrevista à TV Brasil, classificando a declaração de Plínio como uma incitação clara à violência contra a mulher. A ministra afirmou que "somente psicopatas fazem esse tipo de brincadeira".
Plínio respondeu à ministra no plenário, dizendo que não se arrepende da fala, mas que não a repetiria. Ele também mencionou que Marina Silva deveria pedir desculpas por chamá-lo de psicopata, mas que não tomaria medidas legais contra ela.