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Feito histórico

"Ainda Estou Aqui": Brasil ganha primeiro Oscar com filme sobre ditadura

Longa venceu na categoria filme estrangeiro. Em discurso, diretor Walter Salles celebrou a advogada Eunice Paiva.

Da Redação

segunda-feira, 3 de março de 2025

Atualizado às 09:49

"Ainda Estou Aqui", filme dirigido por Walter Salles, fez história ao ganhar o Oscar de melhor filme internacional, na noite deste domingo, 2. Trata-se da primeira vitória do Brasil na premiação, considerada a principal do cinema mundial.

O filme também concorria às categorias de Melhor Filme - outro feito inédito -  e Melhor Atriz pela atuação de Fernanda Torres.

 (Imagem: Reuters/Daniel Cole/Folhapress)

"Ainda estou aqui", filme de Walter Salles, leva primeiro Oscar do Brasil na categoria Melhor Filme Internacional.(Imagem: Reuters/Daniel Cole/Folhapress)

Ao receber a estatueta, Walter Salles celebrou Eunice Paiva, advogada retratada no filme por Fernanda Torres.

"Obrigado ao cinema brasileiro. Estou honrado por receber este prêmio de um grupo extraordinário de cineastas. Este prêmio vai para uma mulher que, até o final de um regime autoritário, decidiu não se curvar e resistir. Isso vai para ela. Seu nome é Eunice Paiva. E vai para as duas mulheres extraordinárias que a viveram, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro."

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Advogada incansável, Eunice dedicou sua vida à defesa dos perseguidos políticos e ao resgate da memória daqueles que, assim como o filme retrata, não podem ser esquecidos.

O filme

"Ainda estou aqui" aborda o desaparecimento político de Rubens Paiva durante a ditadura militar. 

Paiva era deputado Federal quando, no início da década de 70, foi levado por militares e desapareceu. O filme é inspirado no livro de Marcelo Rubens Paiva, filho do parlamentar, e conta a história da família, que é obrigada a se reinventar.

A protagonista, interpretada por Fernanda Torres, é Eunice Paiva, uma advogada que se tornou símbolo de resistência e luta pelos direitos humanos no Brasil. 

Paiva era parlamentar quando, no início da década de 70, foi levado por militares e desapareceu. O filme é inspirado no livro de Marcelo Rubens Paiva, filho do parlamentar, e conta a história da família, que é obrigada a se reinventar.

Viúva desde 1973, Eunice transformou sua dor em força, ingressando na faculdade de Direito, tornando-se uma advogada respeitada e uma das maiores especialistas em Direito Indígena do país. Sua atuação foi fundamental na Constituinte de 1988, defendendo a autonomia dos povos indígenas.

Efeitos

Para além da consagração histórica para a cultura brasileira, "Ainda Estou Aqui" tem grande relevância política.

Em janeiro, a família Paiva conseguiu a retificação da certidão de óbito de Rubens. Agora, consta que a causa da morte foi "não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população identificada como dissidente política do regime ditatorial instaurado em 1964".

Além disso, foi retomado o debate sobre anistia. Em fevereiro, o STF decidiu que deve julgar se é constitucional a aplicação da lei de anistia (lei 6.683/79) a crimes permanentes, como o de ocultação de cadáver (Tema 1.369). Os ministros reconheceram que há questão constitucional e repercussão geral no debate. O julgamento ainda não tem data para acontecer. 

Quem foi Rubens Paiva?

Rubens Paiva (1929-1971) foi um engenheiro civil e deputado Federal pelo PTB, eleito em 1962. Durante seu mandato, investigou organizações que conspiravam contra o governo João Goulart. Cassado após o golpe militar de 1964, exilou-se brevemente antes de retornar ao Brasil. Em 1971, foi preso por agentes do regime, levado ao DOI-Codi e morto sob tortura, tendo seu corpo desaparecido. Sua morte foi confirmada pela Comissão Nacional da Verdade em 2012.

Quem foi Eunice Paiva?

Eunice Paiva (1929-2018) foi uma advogada e ativista pelos direitos humanos no Brasil. Após o desaparecimento de seu marido, o deputado Rubens Paiva, durante a ditadura militar, dedicou-se à busca pela verdade e pela responsabilização dos culpados. Formou-se em Direito aos 47 anos e tornou-se uma das poucas especialistas em direito indígena no país. Lutou pela justiça para vítimas da ditadura e teve papel fundamental na aprovação da lei 9.140/95, que reconheceu os desaparecidos políticos. Também contribuiu para a Constituição de 1988 e influenciou políticas de reparação e memória histórica.

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