Bolsonaro diz que 1ª turma do STF é "câmara de gás"

O ex-presidente Jair Bolsonaro, denunciado ao STF por tentativa de golpe de Estado, afirmou que a 1ª turma da Corte é uma "câmara de gás". A declaração foi feita ao jornalista Leo Dias, em entrevista concedida nesta quarta-feira, 26.

Ao comentar julgamentos no STF, Bolsonaro mencionou diferenças entre as turmas e atribuiu um rótulo a uma delas. "Essa turma que eu tô tem um apelido, né? Câmara de Gás", disse. Questionado a respeito da origem da expressão, respondeu: "A gente ouve falar por aí".

A 1ª turma do STF é composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Flávio Dino.

Bolsonaro também reconheceu a possibilidade de ser condenado e indicou esperar uma decisão desfavorável da Corte. "Pelo andar da carruagem, o senhor vai ser condenado ali pela sua turma, né?", questionou o entrevistador. O ex-presidente respondeu: "Hoje em dia, sim. Hoje em dia, sim. Mas tem um tempo pela frente ainda".

Ao ser perguntado se teme a prisão, Bolsonaro afirmou que enfrentará as consequências dos processos judiciais.

Ele ainda sugeriu que, caso condenado, poderia não sobreviver à pena. "Quarenta anos, não. Morrer na cadeia. Eu não vou viver mais [do que isso]. Para algumas pessoas importantes, não interessa eu preso, interessa eu morto. Eu preso vou ser um problema também, vai haver uma comoção nacional", afirmou.

A denúncia da PGR contra Bolsonaro inclui crimes como tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e participação em organização criminosa, podendo resultar em até 43 anos de prisão, sem considerar agravantes.

Veja o trecho:

Mauro Cid

Bolsonaro minimizou a própria participação nos atos de 8 de janeiro, atribuindo-os a um plano da esquerda.

Ele também alegou que Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, sofreu tortura psicológica por parte do ministro Alexandre de Moraes para prestar depoimentos que o incriminassem. Segundo ele, o processo atual apresenta mais irregularidades do que os conduzidos pela Operação Lava Jato, que acabaram anulados.

"O Cid cresceu muito, todo mundo ligava para ele. Apelidei o telefone dele de 'muro das lamentações'. Acho que ele se empolgou com essas missões. Ele tinha um excesso de iniciativa, às vezes queria resolver as coisas sem falar com as pessoas adequadas, mas tudo de boa-fé", disse.

Bolsonaro também minimizou a importância de áudios que o incriminam, afirmando que, embora tenha estudado hipóteses de estado de sítio, nunca chegou a publicar nenhum decreto.

Michelle Bolsonaro e eleições de 2026

O ex-presidente descartou a possibilidade de sua esposa, Michelle Bolsonaro, disputar a Presidência da República em 2026. Segundo ele, a ex-primeira-dama deve concorrer ao Senado, possivelmente pelo DF.

Ele também comentou sobre a relação conturbada entre Michelle e seu filho Carlos Bolsonaro, atribuindo os conflitos a ciúmes, ao temperamento da esposa e a problemas passados.

Quanto a outros nomes da política e do meio conservador, Bolsonaro evitou comentar a respeito de Pablo Marçal, elogiou Gusttavo Lima e aconselhou o deputado Nikolas Ferreira  a ter cautela. "Meu sucessor sou eu mesmo. Depois que eu morrer, eu digo quem é meu sucessor", afirmou.