Justiça de Londres marca audiências em ação de Felipe Massa contra FIA
Ex-piloto brasileiro busca indenização e revisão do resultado do Mundial de 2008.
Da Redação
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025
Atualizado às 11:55
A Suprema Corte de Justiça de Londres marcou as primeiras audiências de ação movida por Felipe Massa contra a IA - Federação Internacional de Automobilismo, a Fórmula 1 e Bernie Ecclestone. O ex-piloto brasileiro busca, além de uma indenização milionária, o reconhecimento de que foi prejudicado no Campeonato Mundial de 2008.
As sessões acontecerão entre os dias 28 e 31 de outubro de 2025 e terão o objetivo de discutir aspectos legais do processo, que tramita há 11 meses.
Massa alega que a federação violou seus próprios regulamentos ao não investigar de imediato o incidente envolvendo Nelson Piquet Jr. no Grande Prêmio de Singapura daquele ano, conhecido como "Singapuragate".
O caso
No GP de Singapura de 2008, Massa liderava a prova até que Nelson Piquet Jr., então piloto da Renault, bateu seu carro propositalmente no muro na volta 14, acionando o safety car.
O incidente favoreceu Fernando Alonso, companheiro de equipe de Piquet, que venceu a corrida. Massa, por sua vez, teve problemas no pit stop e não pontuou.
No ano seguinte, Piquet revelou que a batida havia sido uma ordem da equipe Renault, com o objetivo de beneficiar Alonso.
O escândalo só veio à tona após o desfecho do campeonato, quando Lewis Hamilton conquistou o título na última corrida, no Brasil, ao ultrapassar Timo Glock na última volta e terminar com um ponto de vantagem sobre o brasileiro.
Massa argumenta que, se a corrida de Singapura tivesse sido anulada a tempo, ele teria sido o campeão mundial de 2008.
Caso a prova tivesse sido cancelada, Massa terminaria a temporada com 97 pontos, contra 92 de Hamilton. A FIA também poderia aplicar pontuações reduzidas, considerando as posições antes da batida, o que poderia ter alterado o resultado final do campeonato.
Declaração de Ecclestone
A ação judicial de Massa ganhou força em 2023, quando Bernie Ecclestone, ex-chefão da Fórmula 1, revelou que tanto a FIA quanto a F1 sabiam da batida intencional ainda em 2008.
Segundo Ecclestone, a decisão de não investigar o caso antes do fim do campeonato foi para evitar um escândalo que comprometesse a credibilidade do esporte.
A defesa do ex-piloto brasileiro alega que essa omissão deliberada configurou uma grave violação dos regulamentos da FIA, e que o reconhecimento do erro por parte da entidade poderia levar à revisão oficial do título de 2008.
Indenização de R$ 1 bi
Além do pedido de revisão do resultado do campeonato, Massa também solicita uma indenização que pode variar entre 64 milhões de libras (R$ 435 milhões) e 150 milhões de libras (R$ 1,08 bilhão).
Os valores foram calculados considerando fatores como bônus pelo título, possíveis contratos publicitários e a diferença salarial que Massa poderia ter negociado como campeão mundial, em comparação com o que recebeu até o fim de sua carreira.
Polêmica de Ayrton Senna com Balestre
A batalha judicial de Massa contra a FIA remete a um dos episódios mais turbulentos da carreira de Ayrton Senna, em 1990, quando o brasileiro teve sua superlicença cassada pela entidade, presidida na época pelo francês Jean-Marie Balestre.
O imbróglio começou no polêmico GP do Japão de 1989, quando Senna foi desclassificado após um choque com Alain Prost na chicane de Suzuka. A decisão favoreceu Prost, garantindo-lhe o título e deixando Senna indignado.
Após o episódio, Senna acusou Balestre de manipular o campeonato em favor do compatriota. Como represália, Balestre exigiu um pedido de desculpas públicas do brasileiro como condição para liberar sua participação na temporada seguinte.
O tricampeão resistiu por semanas, mantendo-se recluso em sua casa de praia em Angra dos Reis, enquanto a McLaren tentava negociar uma solução.
No último dia do prazo estabelecido por Balestre, um fax atribuído a Senna chegou à FIA, no qual ele reconhecia que o campeonato de 1989 não havia sido manipulado, o que garantiu sua inscrição para a temporada de 1990.
Embora tenha sido forçado a uma retratação, Senna deu o troco meses depois, ao vencer o título com um controverso acidente proposital contra Prost, novamente em Suzuka.