MP/MG denuncia gestores da 123 Milhas por fraudes e crimes financeiros
Denúncia aponta prejuízos de mais de R$ 2,4 bilhões e solicita reparação de R$ 1,1 bilhão em danos materiais.
Da Redação
quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
Atualizado às 11:29
Cinco gestores ligados ao grupo econômico 123 Milhas foram denunciados pelo Ministério Público de Minas Gerais por crimes financeiros que resultaram em prejuízos bilionários para consumidores e credores.
Entre as acusações estão fraude a credores, lavagem de dinheiro e crime contra as relações de consumo, conforme informações divulgadas pelo g1.
De acordo com a denúncia, apresentada após investigação detalhada, a empresa teria enganado consumidores ao promover a linha de produtos "Promo", mascarando problemas na qualidade e viabilidade das ofertas.
O período de atuação irregular, segundo o MP/MG, compreendeu junho de 2022 a agosto de 2023.
Além disso, os denunciados teriam adotado práticas fraudulentas em detrimento de credores, incluindo a distribuição de R$ 26,2 milhões em dividendos que prejudicaram o pagamento de dívidas no valor de R$ 153 milhões.
Como relatado pelo g1, o Ministério Público também identificou operações financeiras envolvendo uma agência de publicidade, usadas para ocultar a origem de R$ 11,5 milhões, caracterizando lavagem de dinheiro.
A denúncia ainda acusa os gestores de criarem créditos fictícios e alienarem bens pessoais para dificultar o ressarcimento dos credores.
"Os denunciados agiram de forma deliberada e dissimulada, prejudicando consumidores e adotando estratégias fraudulentas para reforçar sua posição no mercado", afirma um trecho da acusação divulgado pelo g1.
O MP/MG pediu à Justiça a fixação de R$ 1,1 bilhão para compensar os danos materiais causados e o pagamento de R$ 30 milhões por danos morais coletivos.
Além disso, o prejuízo total estimado, segundo a denúncia, ultrapassa R$ 2,4 bilhões, afetando mais de 800 mil credores, em sua maioria consumidores.
Se condenados, os denunciados poderão responder por crimes como fraude a credores, favorecimento de credores, lavagem de dinheiro e crime contra as relações de consumo.
Entenda o caso
A crise da 123 Milhas começou em agosto de 2023, quando a empresa suspendeu a emissão de pacotes e passagens da linha Promo e propôs ressarcir os clientes com vouchers.
Fundada em 2016 em Belo Horizonte, a empresa acumulava dívidas de R$ 2,3 bilhões e pediu recuperação judicial no final daquele mês, aceita pela 1ª vara Empresarial de Belo Horizonte/MG.
Em janeiro de 2024, a juíza Cláudia Helena Barbosa suspendeu o processo até a nomeação de novos administradores judiciais e exigiu detalhes sobre as condições das empresas relacionadas Lance Hotéis e MaxMilhas.
A recuperação já havia sido interrompida em setembro de 2023 e retomada em dezembro, enquanto a Senacon investigava as razões para os cancelamentos.