Ministros do STJ desabafam sobre acusações de irregularidades
Em sessão, ministros demonstraram frustração diante de acusações e alegações infundadas.
Da Redação
sexta-feira, 13 de dezembro de 2024
Atualizado às 08:10
No último encontro do ano da 2ª seção do STJ, ministros expressaram indignação e desabafo sobre acusações relacionadas a suposta irregularidade nas decisões judiciais, em meio a investigação que apura esquema envolvendo servidores do Tribunal.
O ministro Marco Buzzi relatou um episódio interno em que, após revisar uma decisão previamente elaborada em seu gabinete, o conteúdo inicial teria vazado, gerando suspeitas infundadas.
"Eu tenho a minha liberdade de mudar de opinião enquanto não levar o caso para julgamento. Isso é um direito previsto", afirmou. Com 42 anos de carreira, Buzzi destacou o impacto dessas insinuações, que chegaram a afetar sua família. "Quem quiser saber sobre a minha índole como juiz, eu coloco a minha mão no fogo", desabafou.
A ministra Nancy Andrighi também demonstrou frustração diante das acusações de suspeição, destacando como essas situações podem ser emocionalmente devastadoras.
"Receber uma petição com milhares de fotografias e alegações infundadas é arrasador. Tive que afastar imediatamente um funcionário, cortar seu acesso aos sistemas e nem permitir que ele retornasse para buscar pertences pessoais. Mesmo assim, é desgastante saber que esses comentários maldosos podem impactar nossa reputação de décadas de trabalho honesto e dedicado ao Judiciário", desabafou.
O ministro Villas Bôas Cueva lamentou a situação enfrentada pelo Tribunal e defendeu a adoção de novos procedimentos para enfrentar o problema.
"São questões muito difíceis, mas espero que no próximo ano possamos superá-las e enfrentar esses problemas com medidas mais eficazes", declarou.
Investigação
As manifestações ocorrem em um contexto delicado. A Polícia Federal conduz investigação sobre um esquema de venda de sentenças judiciais nos TJs de MS e MT, iniciadas a partir do material encontrado no celular do advogado Roberto Zampieri, assassinado em Cuiabá.
O celular de Zampieri, apreendido pelas autoridades, continha mensagens e documentos que sugerem subornos e manipulações de decisões judiciais.
O esquema, segundo informações, operava por meio de funcionários de gabinetes que repassavam minutas de votos para advogados e lobistas. Esses intermediários negociavam as decisões com as partes interessadas.
As investigações já resultaram em afastamento de magistrados e servidores.