Evento de Open Finance fala sobre nova estrutura e inovações à vista

A Abipag - Associação Brasileira de Instituições de Pagamento e o escritório Barcellos Tucunduva Advogados (BTLAW) realizaram na última segunda-feira, dia 2/12, o evento "Open Finance: Governança e Inovações do Ecossistema", em SP.

A um dia da assembleia que constituirá a Associação Open Finance, o assunto principal não poderia ser outro: A estrutura definitiva, que substituirá a etapa inicial. E alguns novos produtos baseados em Open Finance também foram citados entre as possibilidades, como o pix inteligente e o pix biometria.

Associação Open Finance

Segundo o assessor sênior no Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central (BC), Matheus Rauber, foram quatro anos com essa estrutura inicial até que o BC sentisse o momento certo para fazer a migração para a nova estrutura de governança.

"Nesse meio tempo, o Banco Central foi acompanhando a evolução do próprio mercado após o início da implementação do Open Finance. Fomos conversando com as associações que faziam parte da estrutura inicial e com associações que foram criadas após o Open Finance".

Na estrutura inicial, eram seis cadeiras ocupadas por associações e uma para um conselheiro independente, totalizando 7 votos. A nova composição passa a ter mais representantes, chegando a 11 votos no total, considerando um segundo conselheiro na mesa diretora.

"A gente tentou trazer maior interdependência, aumentar a representatividade dentro da estrutura. E sentimos necessidade de dar caráter maior de imparcialidade para alguns pontos de decisão do Conselho. Por isso, um segundo conselheiro independente", afirma Rauber.

Open Finance e Pix

Durante a conversa sobre as inovações do Ecossistema, o especialista em Meios de Pagamento do Barcellos Tucunduva Advogados, Giancarllo Melito, destacou a comparação muitas vezes errada entre pix e Open Finance.

"As pessoas costumam comparar as duas coisas, dizendo que um vingou e que o outro não teve tanto sucesso assim. Mas eu explico que são coisas completamente diferentes. O pix é um produto, enquanto o Open Finance é um sistema que possibilitará a criação de novos produtos. São períodos de maturidade diferentes. Algumas novas funcionalidades do pix vêm justamente do desenvolvimento do Open Finance".

E três dessas novas funcionalidades foram apontadas por Marcelo Martins, diretor institucional da AB Fintechs e CEO do Iniciador, instituição de pagamento especializada em Open Finance. Segundo ele, três novos produtos devem impulsionar o Open Finance: Pix inteligente, pix biometria e pix por aproximação.

"O pix inteligente consiste em poder transferir automaticamente entre contas da mesma titularidade em diferentes bancos automaticamente. Eu não preciso mais entrar no banco A e no banco B para mexer no meu dinheiro. Eu posso entrar só no banco A e poder mexer no dinheiro do banco B", explica.

Outro ponto é a Jornada Sem Redirecionamento. "Um nome que eu acho que vai pegar no mundo online é pix biometria, porque nele eu valido a transação no meu celular com a minha face, com a minha digital, com a senha do celular", prevê. "No mundo físico é o pix por aproximação, onde é só encostar o celular que eu vou fazer o pagamento. O nome técnico para ambos os casos é Jornada Sem Redirecionamento, mas é importante a gente simplificar".

Daqui para frente

Para Fabiane Vieira, responsável pela Área de Sucesso do Participante da Chicago Advisory Partners, dois desafios compõem o Open Finance hoje.

"O primeiro é o da criação da estrutura definitiva em si. O estabelecimento dessa associação, a criação das diretorias e do corpo técnico. E como a gente conseguiria fazer isso de uma maneira fluida, sem interromper o trabalho que já tem sido feito", avalia. "Em paralelo, a gente tem os desafios técnicos como o lançamento de jornada sem redirecionamento, pix automático e portabilidade de crédito."

Para Vieira, eventos como este são fundamentais para ambos os casos. "O Open Finance funciona no modelo autorregulado. Ele funciona baseado na colaboração das associações que participam da estrutura. Um evento como este é muito importante para a gente conseguir se conectar ainda mais com os participantes, com as instituições que estão implementando, com as instituições que estão desenvolvendo de verdade os produtos. É um evento que fortalece esses vínculos e permite compartilhar o que a gente tem feito para essa comunidade".

Realizado no auditório do BTLAW, o evento trouxe dois painéis com participação de:

• Mardilson Queiroz, chefe adjunto do Departamento de Regulação do sistema Financeiro do Banco Central;
• Matheus Rauber, assessor sênior no Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do BC;
• Giancarllo Melito, sócio do Barcellos Tucunduva Advogados na área de Meios de Pagamento. Professor do curso de pós-graduação da FGV sobre Meios de Pagamentos e Fintechs;
• Gabriel Cohen, diretor jurídico da Abipag e professor de Direito dos Meios de Pagamento no Insper;
• Elcio Calefi, CIO Open Finance Brasil da Chicago Advisory Partners;
• Luigi Iervolino, sócio e head CoE Open Finance Bip Brasil;
• Thais Garcez Lima de Mendonça, conselheira da Apipag;
• Thiago do Amaral Santos, sócio do Barcellos Tucunduva Advogados na área de Meios de Pagamento. Professor do curso de pós-graduação da FGV e Insper;
• Fabiane Vieira, responsável pela área de Sucesso do Participante da Chicago Advisory Partners;
• Marcelo Martins, diretor da ABFintechs, CEO do Iniciador e Conselheiro do Open Finance Brasil;
• Vinicius Carrasco, diretor-executivo a Abipag e conselheiro do Open Finance Brasil.