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Falecimento

Morre, aos 96 anos, o economista Delfim Netto

Delfim foi ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento e ex-deputado Federal.

Da Redação

segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Atualizado às 17:13

Morreu na madrugada desta segunda-feira, 12, em São Paulo, aos 96 anos, Antônio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento e ex-deputado Federal.

Ele estava internado desde o dia 5 de agosto no Hospital Albert Einstein, na Zona Sul de São Paulo, por complicações em seu quadro de saúde.

O ex-ministro deixa uma filha e um neto. Não haverá velório aberto e o enterro será restrito aos familiares.

 (Imagem:  Eduardo Knapp/Folhapress)

Morre, aos 96 anos, o economista Delfim Netto. (Imagem: Eduardo Knapp/Folhapress)

Biografia

Professor emérito da FEA/USP - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, Delfim Netto foi um dos mais longevos ministros da Fazenda do país, tendo ocupado o cargo entre os anos de 1967 e 1974. Durante o período, o país mergulhou no período mais obscuro da ditadura militar. A época também ficou marcada como o período do "milagre econômico", quando o Brasil viveu um forte crescimento.

Foi também ministro do Planejamento entre 1979 e 1985, ministro da Agricultura (1979) e embaixador do Brasil na França (1975-1977).

Após a redemocratização, permaneceu como figura de destaque nos meios econômico e político. O ex-ministro se tornou um dos principais conselheiros econômicos do presidente Lula e entusiasta da gestão de Antonio Palocci na Fazenda.

Como ministro do Planejamento, na década de 1980, comandou a economia brasileira durante a segunda maior crise financeira mundial do século 20, causada pelo choque dos preços do petróleo e pela elevação dos juros americanos para quase 22% ao ano.

Após o fim do regime militar, participou das eleições em 1986 como candidato à Câmara dos Deputados.

Em 2014, Delfim Netto doou para a FEA/USP sua biblioteca pessoal, com um acervo de mais de 100 mil títulos, acumulados em quase oito décadas.

O ex-ministro tem mais de 10 livros publicados sobre problemas da economia brasileira e centenas de artigos e estudos.

Escrevia semanalmente nos jornais Folha de S.Paulo e Valor Econômico e para a revista Carta Capital. Seus artigos eram também publicados regularmente em cerca de 70 periódicos de todo o país.

Homenagens

Em nota de pesar, a Fecomércio/SP lamentou o falecimento de Delfim Netto, considerado "um dos economistas mais respeitados do país". Veja a íntegra:

Nota de pesar pelo falecimento de Antônio Delfim Netto

Com profundo pesar, lamentamos a perda de Antônio Delfim Netto - em especial, o presidente efetivo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Abram Szajman, de quem era amigo pessoal. Neste momento difícil, expressamos nossas mais sinceras condolências à família, aos amigos e às pessoas próximas.

Um dos economistas mais respeitados do País - entre todos os espectros políticos -, Delfim Netto ocupou várias pastas do governo brasileiro dos anos 1960 em diante, como a da Fazenda (1967-1974), a da Agricultura (1979) e do Planejamento (1979-1985), além de ter sido embaixador do Brasil na França entre 1975 e 1977. Posteriormente, durante o regime democrático, exerceu um papel importante nas definições dos rumos econômicos do País, sendo consultado pela maioria dos presidentes da República.

No fim da década de 1980, enquanto se elegia para o cargo de deputado federal - participando da Constituinte, um ano depois -, Delfim Netto também recebeu o título de professor emérito na Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), instituição onde iniciou a sua trajetória intelectual nos anos 1940.

É autor de dezenas de livros relevantes sobre a economia brasileira, como o clássico O problema do café no Brasil, sua tese de livre-docência que se tornou referência imediata e permanece até hoje como um livro central para a formação de economistas.

Delfim Netto também foi consultor econômico da FecomercioSP, assim como participou ativamente como membro do Conselho Superior de Economia, Sociologia e Política, colaborando com as ações e agendas da Entidade.

Em honra à sua memória, esperamos que a sua trajetória e dedicação à vida pública sirvam de exemplo para as gerações futuras.

Ivo Dall'Aqua Jr., presidente em exercício da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP)

O presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, e ministros da Corte manifestaram pesar pela morte do economista.

Presidente do STF e do CNJ, ministro Luís Roberto Barroso:

"Em nome do Supremo Tribunal Federal, manifesto pesar pela morte do economista Delfim Netto e desejo conforto aos amigos e familiares. Delfim Netto prestou serviços ao Brasil em diferentes momentos históricos. Nos períodos mais recentes após a redemocratização, foi conselheiro econômico de mais de um governo e atuou em projetos de inclusão social que levaram ao desenvolvimento econômico do país."

Ministro Gilmar Mendes:

"Recebo com pesar a notícia do falecimento de Delfim Netto. De ministro do governo militar a deputado constituinte até 2007, Delfim soube acompanhar nossa evolução política, deixando sua marca no pensamento econômico nacional. Meus sentimentos aos familiares."

Ministro Dias Toffoli:

"O ministro Delfim Netto foi uma personalidade muito importante na história brasileira dos últimos 60 anos. De origem humilde, chegou muito cedo à Cátedra na Universidade de São Paulo e seu brilhantismo intelectual levou-o a elevados postos na República. Sua tese de livre-docência foi sobre a economia do café e, até por consequência disso, foi um dos mentores da Embrapa, instituição com papel inegável na revolução agrícola brasileira. Ele foi, portanto, visionário na revalorização de um dos pilares da economia nacional no século XXI. Sua biblioteca pessoal representa sua paixão pelo conhecimento nas mais diversas áreas. Conselheiro de vários presidentes da República após a redemocratização, soube valorizar as políticas de distribuição de renda e de inclusão social. Sua atuação no período mais duro do regime militar deverá ser lembrada, mas é inegável que o Brasil perdeu hoje um de seus maiores intelectuais e pensador da nação brasileira."

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