Delgatti é condenado por acusar Bolsonaro de pedir grampo de Moraes
Em sentença, juiz destacou que Delgatti não apresentou provas que respaldassem suas alegações sobre suposto grampo ao celular do ministro Alexandre de Moraes.
Da Redação
terça-feira, 30 de julho de 2024
Atualizado em 31 de julho de 2024 10:46
O juiz Omar Dantas Lima, da 3ª vara Criminal de Brasília, condenou em 10 anos e 20 dias de detenção, em regime semiaberto, o programador Walter Delgatti Neto, em virtude do crime de injúria contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Durante seu depoimento à CPMI - Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro de 2023, em agosto do ano anterior, Delgatti afirmou ter recebido de Bolsonaro a solicitação para que assumisse a responsabilidade por grampos realizados no celular do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
De acordo com o relato de Delgatti, Bolsonaro teria tido acesso a esse material, que, segundo ele, foi grampeado por agentes "de outro país". Após essas declarações, a defesa de Bolsonaro recorreu à Justiça, alegando que as acusações eram infundadas e que o programador não apresentou evidências que sustentassem sua versão.
Durante o processo, Delgatti manteve sua posição, afirmando que não se retrataria e que estava dizendo a verdade, embora não tenha conseguido comprovar suas alegações, defendendo-se ao afirmar que não caluniou Bolsonaro. Em seu depoimento ao juiz, Delgatti reiterou que recebeu o pedido de Bolsonaro por meio da deputada Carla Zambelli, com quem tinha contato, para assumir a autoria do suposto grampo.
O autodenominado hacker alegou não ter como produzir provas devido à sua prisão em outro caso. Ao final do julgamento, o juiz Omar Dantas Lima decidiu pela condenação de Delgatti, afirmando que a versão apresentada por ele realmente imputou um crime a Bolsonaro, mas o programador "não produziu prova capaz de conferir verossimilhança à sua narrativa".
Para o juiz, houve "a prática de fato definido como crime, sabendo ser falsa a imputação, fazendo-o diante de parlamentares integrantes da CPMI dos atos de 8 de janeiro de 2023, cujas sessões eram transmitidas por diversos veículos de imprensa, com grande repercussão no país e no exterior, especialmente em função da internet e das redes sociais".
Com essa decisão, Delgatti poderá recorrer em liberdade, embora esteja preso em decorrência de outro caso, que investiga a invasão aos sistemas do CNJ.
Conhecido como hacker de Araraquara, ele também já foi condenado em primeira instância no âmbito da Operação Spoofing, que apurou a invasão aos celulares de autoridades, incluindo procuradores e juízes da Lava Jato.
- Processo: 0748144-41.2023.8.07.0016
Confira aqui a sentença.