Jovem que promovia estupros ao vivo no Discord é condenado a 24 anos de prisão
Conhecido como 'King', Pedro Rocha liderava esquema de tortura e estupros online. As vítimas eram constrangidas e coagidas a praticar atos de automutilação, exposição íntima e zoofilia.
Da Redação
quarta-feira, 10 de julho de 2024
Atualizado às 14:17
Um homem apontado como um dos líderes de um esquema de tortura e estupros online, feito por meio de salas de bate-papo do aplicativo de mensagens Discord, foi condenado a 24 anos e sete meses de prisão em regime inicialmente fechado. A sentença foi proferida pelo Juizado Especial Adjunto Criminal de Cachoeiras de Macacu, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Pedro Ricardo Conceição da Rocha, conhecido como "King", de 19 anos, está preso desde julho de 2023, quando foi alvo de uma operação da Polícia Civil. Os crimes de associação criminosa, estupro qualificado e coletivo e estupro de vulnerável ocorreram, segundo a investigação, entre agosto de 2021 e março de 2023, na plataforma que permite que as pessoas se comuniquem em transmissões de vídeos ao vivo.
As vítimas eram coagidas com ameaças de vazamento de fotos e vídeos íntimos hackeados, e se tornavam "escravas sexuais" dos chefes destes grupos. Os criminosos as convenciam a praticar automutilação, degradação física, exposição íntima, zoofilia e outros atos libidinosos.
Segundo as investigações, eram cometidos estupros virtuais, que eram transmitidos ao vivo para todos os integrantes do servidor.
O que é o Discord?
ChatGPT: O Discord é uma plataforma de comunicação voltada principalmente para a criação de comunidades online. Originalmente popular entre gamers, o aplicativo se expandiu para abrigar uma ampla gama de interesses e grupos. Ele oferece funcionalidades como chat de texto, voz e vídeo, além de permitir a criação de "servidores" - espaços dedicados onde os usuários podem se reunir e interagir sobre temas específicos.
A sentença destaca que Rocha tratava a internet como uma "terra sem lei", liderando uma plataforma que distribuía material ilícito, incluindo pornografia, maus-tratos a animais, bullying e instigação à automutilação.
"As provas colhidas revelam que seu agir era moralmente ilimitado. Ofendia suas vítimas, xingava-as, humilhava-as e mantinha sempre o aspecto mandamental de obediência às suas esdrúxulas e pervertidas vontades, não se importando com o sofrimento delas", diz a decisão.
O documento também menciona que, "como 'dono' da plataforma 'SYSTEM X', no Discord, o réu replicava e amplificava o que de pior existe na sociedade, acreditando que ao se esconder atrás de máscaras, bandanas e outros subterfúgios, poderia ficar impune indefinidamente, como se alguém pudesse ficar fora do alcance das autoridades ou acima da lei".
- Processo: 0000634-52.2023.8.19.0012
Informações: TJ/RJ.