MIGALHAS QUENTES

  1. Home >
  2. Quentes >
  3. Câmara aprova regras para planos de adaptação às mudanças climáticas
Meio Ambiente

Câmara aprova regras para planos de adaptação às mudanças climáticas

Texto aprovado avalia medidas para enfrentar os desastres naturais recorrentes, além de buscar diminuir a vulnerabilidade ambiental e social dos afetados.

Da Redação

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Atualizado às 15:47

A Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei 4129/21, de autoria da deputada Tabata Amaral, que estabelece diretrizes gerais para a elaboração, pelo poder público, dos planos de adaptação à mudança do clima. O projeto, que foi aprovado na forma de um substitutivo do Senado ao texto votado pela Câmara em 2022, será enviado à sanção presidencial.

Segundo a deputada Tabata Amaral, a crise climática é uma realidade que afeta todos e que é necessário adaptar as cidades, estados e o país a essa nova realidade. "Se o poder público não se adianta, a gente está sempre remediando, e o mais vulnerável sempre sofre mais", afirmou a deputada.

O texto aprovado em plenário teve parecer favorável do relator, deputado Duarte Jr., que destacou a importância das políticas, planos e medidas efetivas de adaptação e resiliência frente às mudanças climáticas. "É necessário que passemos do planejamento à prática, para implementação de uma adaptação transformacional em nosso País".

A versão do projeto elaborada pelos senadores inclui novas diretrizes para a formatação desses planos, que devem ter suas versões municipais, estaduais e Federal. Entre as inclusões destaca-se a identificação, a avaliação e a priorização de medidas para enfrentar os desastres naturais recorrentes e diminuir a vulnerabilidade e a exposição dos sistemas ambiental, social, econômico e de infraestrutura, assim como diminuir os efeitos adversos atuais e esperados das mudanças do clima.

Esses planos deverão ainda adotar soluções baseadas na natureza como parte das estratégias de adaptação, além de monitorar e avaliar as ações previstas, adotando processos de governança inclusivos para sua revisão a cada quatro anos, seguindo o ciclo dos planos plurianuais. As prioridades deverão ser estipuladas com base no nível de vulnerabilidade e de exposição de populações, setores e regiões a riscos climáticos.

Outra diretriz incluída pelos senadores prevê a promoção de pesquisa, desenvolvimento e inovação orientados à redução da vulnerabilidade dos sistemas naturais, humanos, produtivos e de infraestrutura; ao monitoramento dos impactos das adaptações adotadas; à divulgação e à difusão de dados, informações, conhecimentos e tecnologias; e à promoção da informação, da educação, da capacitação e da conscientização públicas sobre as medidas de adaptação e sobre seus benefícios para promover a resiliência dos ambientes vulneráveis à mudança do clima.

Quanto às prioridades, o texto do Senado dá mais ênfase à infraestrutura, como comunicações, energia, transportes, finanças e águas, incluindo habitação e áreas verdes, equipamentos de saúde e educação e saneamento. Permanecem, em relação ao texto antes aprovado na Câmara, elementos como segurança hídrica e alimentar.

Outra novidade nesse tópico é o uso de elementos da natureza para fornecer serviços relevantes para a adaptação às consequências da mudança climática, alternativa chamada de infraestrutura baseada na natureza.

 (Imagem: Câmara/Fotos)

A autora do projeto de lei é a deputada Tabata Amaral.(Imagem: Câmara/Fotos)

No plano nacional, deverá haver articulação com as três esferas da Federação e com os setores socioeconômicos, garantindo-se ainda a participação social dos mais vulneráveis aos efeitos adversos da mudança climática. O texto especifica que o plano nacional de adaptação à mudança do clima e suas ações e estratégias serão fundamentados em evidências científicas, análises modeladas e previsões de cenários, considerando os relatórios científicos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).

Independentemente dos planos existirem ou não, pois o projeto não fixa prazo de elaboração, a identificação de vulnerabilidades e a gestão do risco climático devem ser levadas em consideração nas políticas setoriais e nas políticas de desenvolvimento e de ordenamento territorial.

O plano nacional também terá de promover a cooperação internacional no âmbito bilateral, regional e multilateral para o financiamento, a capacitação, o desenvolvimento, a transferência e a difusão de tecnologias e processos para a implementação de ações de adaptação, incluindo a pesquisa científica, o monitoramento e a avaliação sistemática dos impactos da mudança do clima e o intercâmbio de informações.

Quanto aos planos estaduais e municipais, eles poderão ser financiados com recursos do FNMC - Fundo Nacional sobre Mudança do Clima.

Segundo o deputado Chico Alencar, as diretrizes "são importantes para auxiliar o mundo que está doente, intoxicado, em vias de se exaurir".

"Assim como a gente valoriza a lei de Diretrizes Orçamentárias, vamos ter uma lei de diretrizes dos planos de adaptação à mudança climática, que deve ser enfrentada de forma ampla, intergovernamental, interpoderes e com a participação da população."

Já o deputado Gilson Daniel afirmou que a Câmara está antenada ao que a sociedade está cobrando em relação à mudança climática. "Tenho defendido que precisamos estar preparados porque os efeitos climáticos estão cada vez mais extremos. Precisamos ter recursos para esses planos", disse.

Patrocínio

Patrocínio Migalhas