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Educação

PSOL aciona STF contra criação de escolas cívico-militares em SP

Lei já foi sancionada pelo governador Tarcísio de Freitas.

Da Redação

segunda-feira, 3 de junho de 2024

Atualizado às 15:59

O PSOL entrou com uma ADIn no STF contra a criação de escolas cívico-militares em São Paulo. A ação foi protocolada por iniciativa do deputado estadual Carlos Giannazi.

O líder da Federação PT/PCdoB/PV na Alesp, deputado estadual Paulo Fiorilo, informou à Agência Brasil que a bancada também tem uma representação pronta para questionar judicialmente o modelo.

A criação das escolas cívico-militares no Estado foi aprovada pela Alesp há duas semanas. O projeto, de autoria do governador Tarcísio de Freitas, já foi sancionado. A proposta prevê uma "gestão compartilhada" das unidades de ensino entre corporações militares e secretarias estaduais ou municipais de Educação.

Segundo o texto de justificativa da proposta, assinado pelo secretário estadual de Educação, Renato Feder, "as secretarias estaduais seriam responsáveis pela administração e disciplina, enquanto as secretarias municipais ficariam a cargo da condução pedagógica nas instituições de ensino".

O objetivo do modelo, de acordo com o projeto, é "a elevação da qualidade de ensino medida pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)". Além disso, há a previsão da "inserção de atividades cívicas e de cidadania" no currículo e atividades extracurriculares conduzidas pela Secretaria de Segurança Pública.

Cada escola que aderir ao programa deverá contar com ao menos um policial militar da reserva para implementação das propostas.

 (Imagem: Freepik)

PSOL questiona no STF criação de escolas cívico-militares em São Paulo.(Imagem: Freepik)

Na ação, o PSOL argumenta que a intenção do projeto é substituir o sistema público de educação, e não a coexistência dos dois modelos, como afirma o governo paulista. "Objetiva-se a gradual substituição de profissionais da educação, que devem prestar concurso público e passar pela análise de seus títulos acadêmicos para estarem aptos a ocupar tais cargos, por militares, a serem escolhidos de forma discricionária, em última instância, por ato da Secretaria da Segurança Pública", diz o partido na ação.

As escolas cívico-militares também provocam, segundo o texto, "uma clara desvalorização da categoria de educadores".

A lei aprovada prevê rendimentos de mais de R$ 6 mil para jornadas de 40 horas semanais aos professores ligados à Polícia Militar. Os valores podem aumentar em 50%, chegando a mais de R$ 9 mil, para coordenadores ou oficiais. Há ainda a previsão de pagamentos menores caso os policiais militares trabalhem frações dessa jornada.

Os valores são maiores do que os salários recebidos por parte dos professores da rede pública estadual. Na última seleção de professores temporários, foram anunciados salários de R$ 5,3 mil para jornadas de 40 horas semanais e R$ 3,3 mil para 25 horas semanais. Os temporários representam quase 60% do quadro total de educadores da rede estadual. Mesmo entre os professores do quadro permanente, os salários de R$ 9 mil ou mais são pagos apenas a uma minoria.

O sistema que leva policiais militares para dentro das escolas tem sido criticado por especialistas em educação, por entidades estudantis e pelo Apeoesp - Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo.

"Vamos nos mobilizar para impedir a transformação de escolas regulares em escolas cívico-militares ou a criação dessas escolas com recursos da educação; para que não sejam pagos salários superiores aos de professores para militares aposentados; para que não sejam formatadas as mentes de nossas crianças e jovens de acordo com o pensamento único do militarismo", diz nota divulgada pelo sindicato após a aprovação da lei.

A Upes - União Paulista dos Estudantes Secundaristas também criticou o projeto. "Nós, estudantes, estamos unificados com os professores para dizer não a esse projeto que visa sucatear a nossa educação. Defendemos a valorização dos professores, uma escola de qualidade, digna e com uma boa infraestrutura", diz a nota da entidade.

Para a Upes, a proposta não busca melhorar a gestão das escolas, mas implementar um processo disciplinar baseado no pensamento militar.

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