MIGALHAS QUENTES

  1. Home >
  2. Quentes >
  3. Juíza oficia OAB por advogado com 1.071 ações genéricas contra banco
Litigância predatória

Juíza oficia OAB por advogado com 1.071 ações genéricas contra banco

Magistrada alertou para prejuízos causados pelo "exercício abusivo da advocacia" que "comprometem a eficiência do serviço judicial".

Da Redação

quarta-feira, 27 de março de 2024

Atualizado em 28 de março de 2024 12:10

A juíza de Direito Marianna de Queiroz Gomes, de Serranópolis/GO, negou ação que contestava consignado e oficiou a OAB ao observar que o advogado tinha mais de 1.071 processos ajuizados contra instituições financeiras apresentando "as mesmas teses genéricas". A magistrada ainda ressaltou que as ações tinham poucos documentos pessoais e a maioria desatualizados.

Na decisão, a magistrada disse que "atualmente, o Poder Judiciário em quase todos os Estados vem recebendo uma enxurrada de demandas relacionadas a empréstimos consignados, como o caso em questão".

Ela explicou que são distribuídas milhares de ações, alegando os mesmos fatos, a mesma causa de pedir e os mesmos pedidos, apostando que as instituições financeiras não possam apresentar uma defesa específica, como ocorre na maioria dos casos, onde os bancos apresentam uma contestação genérica.

"Surge assim, a advocacia predatória que é configurada pela quantidade de ações de massa, em petições padronizadas, objetivando vantagens indevidas. Em geral, são apresentados argumentos genéricos, petições padronizadas e sem documentação suficiente, desprovidos, assim, das especificidades do caso concreto."

 (Imagem: Freepik)

Juíza nega caso de advogado com 1.071 ações genéricas contra bancos.(Imagem: Freepik)

Para a juíza, o "exercício abusivo da advocacia", além de causar prejuízos às partes do processo, compromete a própria noção de eficiência do serviço judicial, por conta do congestionamento gerado pelo grande número de ações temerárias. "Sendo assim, deve ser reprimida pelos meios legais disponíveis, a fim de que o órgão profissional responsável adote medidas severas, a desestimular tal conduta."

Para coibir a prática, a magistrada consultou o sistema e verificou que teria mais de 1.071 processos ajuizados pelo advogado no TJ/GO, contra instituições financeiras, apresentando as mesmas teses genéricas de sempre e poucos documentos pessoais, a maioria desatualizados.

"Nesse contexto, a meu sentir, na espécie, há indícios de advocacia predatória por parte dos causídicos, sendo o caso de oficiar à OAB Seccional de Goiás e ao Centro de Inteligência do Tribunal de Justiça de Goiás para conhecimento e providências que entenderem cabíveis."

A magistrada esclareceu que não pode afirmar que a conduta do escritório de advocacia que representa a parte se caracteriza efetivamente como advocacia predatória, "mas como há indícios de irregularidade na conduta de ajuizar em massa diversas ações idênticas contra a mesma parte, deve ser exigir cautela e mais rigor do magistrado".

Assim, julgou improcedentes os pedidos iniciais e oficiou a OAB/GO, o centro de inteligência do TJ/GO e o MP/GO para conhecimento e providências cabíveis.

O escritório Parada Advogados atua na causa.

  • Processo: 5731081-54.2023.8.09.0179

O caso tramita em segredo de Justiça.

Parada Advogados

Patrocínio

Patrocínio Migalhas