TJ/SP invalida lei municipal que exige Bíblia em bibliotecas da cidade
Colegiado considerou que tal dispositivo viola a laicidade do Estado e o princípio constitucional da isonomia.
Da Redação
domingo, 31 de março de 2024
Atualizado em 28 de março de 2024 14:47
O Órgão Especial do TJ/SP, por maioria de votos, determinou como inconstitucional a lei municipal 7.205/04, de Sorocaba, que instituiu a obrigatoriedade de exemplares da Bíblia nas bibliotecas municipais.
A ação direta de inconstitucionalidade foi ajuizada pelo MP sob alegação de que tal dispositivo viola a laicidade do Estado e o princípio constitucional da isonomia, ao prestigiar determinado grupo de pessoas em detrimento de outros, em ambiente em que a religião ou o credo não pode receber especial consideração.
Este também foi o entendimento da maioria do colegiado. O relator designado, desembargador Campos Mello, salientou que, embora a Bíblia seja um livro e não haja qualquer impedimento para que esteja em uma biblioteca, tal obrigatoriedade é incompatível com a laicidade do Estado.
"Não há notícia de que outros textos religiosos devam fazer parte obrigatória das bibliotecas municipais. Nem o Alcorão, nem o Talmude ou a Torá terão sido objeto dessa obrigatoriedade. Ao contrário, o art. 19 da Lei Maior veda que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios estabeleçam cultos religiosos, embaracem os respectivos funcionamentos ou com eles mantenham relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público. No caso em tela, porém, a nítida opção do legislador municipal pela difusão apenas das religiões cristãs implica relação de aliança vedada pela Carta Magna", escreveu.
- Processo: 2287771-95.2023.8.26.0000
Leia o acórdão.
Informações: TJ/SP.