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200 anos da Constituição

Noite da Agonia: Marco decisivo na gênese da Constituição de 1824

A Noite da Agonia, antecedendo a outorga da Constituição de 1824, foi um ponto de inflexão na história política do Brasil. Esse evento, marcado por tensões e conflitos, pavimentou o caminho para a primeira Constituição brasileira, sinalizando o início de uma nova era no país.

Da Redação

segunda-feira, 25 de março de 2024

Atualizado às 14:10

Na virada do dia 11 para 12 de novembro de 1823, o Brasil testemunhou um dos episódios mais turbulentos de sua história política: a Noite da Agonia. Esse evento, crucial para a compreensão do processo constituinte brasileiro, precedeu a outorga da Constituição de 1824 e foi determinante para os rumos da nação recém-independente.

Contexto histórico

Após a Independência do Brasil em 1822, D. Pedro I convocou a Assembleia Constituinte em 1823 com o objetivo de elaborar a primeira Constituição do país. O processo, contudo, foi marcado por intensas disputas entre os ideais liberais dos constituintes e as pretensões absolutistas do monarca.

 (Imagem: Arte Migalhas)

Noite da Agonia: O conflito que moldou a Constituição de 1824.(Imagem: Arte Migalhas)

A Noite da Agonia

A tensão atingiu seu ápice na noite de 11 de novembro de 1823, quando D. Pedro I, insatisfeito com o andamento dos trabalhos da Assembleia e com o teor liberal da Constituição que estava sendo elaborada, decidiu dissolvê-la. Tropas leais ao imperador cercaram a Assembleia, situada no Rio de Janeiro, e prenderam os deputados que resistiram à ordem de dissolução.

Este episódio, conhecido como "Noite da Agonia", foi marcado por grande tensão e violência, refletindo a profunda crise institucional que o Brasil enfrentava. O ato de D. Pedro I não apenas desfez a Assembleia Constituinte, como também colocou em evidência a fragilidade do projeto liberal no país àquela época.

 (Imagem: Biblioteca Nacional)

Proclamação do Imperador dissolvendo a constituinte e convocando uma nova.(Imagem: Biblioteca Nacional)

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Consequências e a Constituição de 1824

Após a dissolução da Assembleia, D. Pedro I outorgou, em 25 de março de 1824, a Constituição do Império do Brasil. Este documento, embora incorporasse alguns princípios liberais, fortaleceu significativamente os poderes do monarca, especialmente através da criação do Poder Moderador, exclusivo do imperador.

A Constituição de 1824 marcou o início do Brasil como um império constitucional hereditário, estabelecendo as bases legais e institucionais do país. Apesar de seu caráter conservador e centralizador, ela permitiu certa estabilidade política, sendo a lei maior do Brasil por quase 65 anos, até a proclamação da República em 1889.

Legado

A Noite da Agonia e a subsequente outorga da Constituição de 1824 são eventos indissociáveis na história brasileira, ilustrando o conflito entre as aspirações liberais e as tendências autoritárias presentes desde o início da trajetória independente do país. Este período evidencia as dificuldades e negociações inerentes à construção de um Estado-nação, legando aos brasileiros uma rica história de lutas por liberdade e justiça social.