Advogada que denunciou estupro por colega critica OAB: "nenhum apoio"
Bruna Hollanda renunciou ao mandato de conselheira, para o qual foi eleita em 2022.
Da Redação
quinta-feira, 21 de março de 2024
Atualizado às 14:18
A advogada Bruna Hollanda publicou em suas redes sociais vídeo no qual anunciou sua renúncia ao cargo de conselheira seccional da OAB/SE, para o qual foi eleita em 2022.
A advogada afirma que foi vítima de estupro por parte de um advogado, também conselheiro, em janeiro, e até hoje não recebeu qualquer apoio institucional.
"Fui estuprada no dia 27 de janeiro por um colega conselheiro da OAB/SE, sócio do presidente, amigo pessoal do presidente, pessoa de quem tinha inteira confiança, colega de conselho seccional e amigo há mais de 8 anos."
No vídeo, ela afirma que a chapa em que foi eleita era composta por jovens advogados e advogados, imbuída em constituir uma nova gestão na instituição, comprometida com mudanças substanciais, que modernizassem a OAB e valorizassem a advocacia sergipana.
"Esse foi o início do projeto no qual acreditei. Hoje, finalizo minha participação profundamente decepcionada e indignada com a postura desrespeitosa, falaciosa, machista e perigosamente astuta. Sou mulher, sou advogada, sou mãe, fui violentada covardemente, sou vítima de estupro, fui dilacerada no corpo, na alma e socialmente (...) Irresignada, continuei calada e firme aguardando o acolhimento institucional que não tive até hoje."
Bruna também criticou o fato de a presidente da Comissão de Direito de Defesa da Mulher ter sido instituída como advogada do suposto agressor, juntamente com outro advogado, que é sócio do presidente da OAB/SE.
"Logo a maior e mais importante comissão da instituição, que representa várias mulheres, não pode me representar, logo eu, mulher, advogada e conselheira."
Vítima de questionamentos
No vídeo, ela afirma que a pergunta que mais lhe fazem é por que subiu no apartamento dele. E respondeu dizendo que tinha confiança no amigo e colega advogado. "Jamais imaginei que podia sofrer a violência que sofri. O simples fato de ter subido não descaracteriza o estupro, nem levanta suspeição séria aos fatos narrados por mim."
Os fatos
O episódio denunciado por Bruna Hollanda teria ocorrido após um bloquinho de pré-carnaval, em Aracaju/SE. A vítima e o suspeito são conselheiros da OAB/SE.
Segundo publicado pelo G1, a vítima relatou, em boletim de ocorrência, que pediu ao suspeito que a acompanhasse até o prédio da OAB para pegar um carro de aplicativo, mas ele lhe ofereceu uma carona. No caminho, a assediou e disse que "não existe carona de graça". Em seguida, o suspeito informou que precisaria passar em sua residência. No local, ele teria desferido um tapa no rosto da vítima e a levado para a cama a empurrões, cometendo o estupro.
Conforme noticiado pelo Migalhas, a OAB/SE realizou uma entrevista coletiva no dia 23 de fevereiro, com a presença do presidente da seccional, Danniel Alves Costa, afirmando que a polícia e a Ordem apuram o caso. Na ocasião, o secretário-Geral da OAB/SE, Nilton Lacerda, teria esclarecido que, se ficar comprovado o crime, o advogado poderia ser expulso da Ordem, ficando impedido de exercer a profissão.