PF mira Carlos Bolsonaro em investigação de "Abin paralela"
Operação apura se máquina estatal foi usava para ações ilícitas durante o governo Bolsonaro.
Da Redação
segunda-feira, 29 de janeiro de 2024
Atualizado em 30 de janeiro de 2024 09:48
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta segunda-feira, 29, operação para apurar suposto uso ilegal de sistemas da Abin - Agência Brasileira de Inteligência durante o governo Bolsonaro, quando Alexandre Ramagem dirigia o órgão. Segundo divulgado pelo G1, um dos alvos da operação é o próprio filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro.
A operação se dá em continuidade à Operação Vigilância Aproximada, deflagrada na última quinta-feira, 25. Segundo a PF, o objetivo é investigar organização criminosa que se instalou na Abin com o intuito de monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas, utilizando-se de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial.
Na decisão que deu início à investigação, ministro Alexandre de Moraes afirmou que o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, usou o órgão para fazer espionagem ilegal a favor da família do ex-presidente.
Nesta nova etapa, a Polícia Federal busca avançar no núcleo político e realiza busca e apreensão em contatos de Ramagem, para apurar possíveis destinatários de informações. Um dos locais apontados pela fonte da PF é a Câmara do Rio de Janeiro. Estão sendo cumpridos nove mandados de busca e apreensão em Angra dos Reis/RJ, Rio de Janeiro/RJ, Brasília/DF, Formosa/GO e Salvador/BA.
Às 9:52 da manhã, a GloboNews noticiou que a Polícia Federal apreendeu computador da Abin nos pertences do filho de Bolsonaro, em Angra dos Reis.
Correção
Às 17h da segunda-feira, a Globo corrigiu a informação, dizendo que o computador da Abin foi encontrado na casa do militar Giancarlo Gomes Rodrigues, também alvo da operação, e não nos pertences de Carlos Bolsonaro.
"Um cara fantástico"
Em live realizada neste domingo, 28, Bolsonaro defendeu Ramagem: "um cara fantástico." Negou, ainda, que tenha havido "Abin paralela" - disse que não há provas de que interferia na PF, e que não tinha inteligência, nem da Abin, nem da PF, ou do Exército, Marinha e Aeronáutica.
Assista a trecho:
"Abin paralela"
Na quinta, 25, Alexandre Ramagem foi alvo de busca e apreensão. Foram apreendidos em endereços dele quatro computadores, seis celulares e 20 pendrives. Entre os aparelhos, haveria um notebook e um celular da Abin.
Os crimes, segundo as investigações, envolviam o uso do software "First Mile", ferramenta de geolocalização que permite identificar as movimentações de pessoas por meio dos celulares delas.
As provas obtidas a partir das diligências executadas pela Polícia Federal indicam que grupo criminoso criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal.
Segundo a PF, os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.