STF abre inquérito contra Sergio Moro para apurar caso "Tony Garcia"
Empresário curitibano afirma que foi usado por Moro, enquanto juiz, para cometer ilegalidades e gravar pessoas. A pedido da PGR, Toffoli mandou apurar.
Da Redação
segunda-feira, 15 de janeiro de 2024
Atualizado às 15:36
Ministro Dias Toffoli, do STF, determinou a abertura de inquérito contra o atual senador Sergio Moro e contra procuradores para apurar condutas aparentemente criminosas em operação que seria considerada um "embrião" da Lava Jato.
A investigação partiu de representações da PF e da PGR.
Os autos da petição foram formados a partir de relatos de Tony Garcia, ex-deputado paranaense, nos quais ele afirma ter atuado como "colaborador infiltrado" no meio político e empresarial para o então juiz Moro e para procuradores. O caso foi noticiado pelo Migalhas.
Diante da manifestação da PGR, ministro Toffoli considerou necessária a instauração de inquérito na Suprema Corte para apurar a conduta do ex-juiz.
O caso tramita em segredo de Justiça.
- Processo: PET 11.450
Caso Tony Garcia
Em entrevista à TV Migalhas, concedida em julho de 2023, Tony Garcia afirmou que fez um acordo de colaboração premiada com MPF nos anos 2000, quando teria sofrido uma série de ilegalidades.
Segundo o relato do empresário, o suposto acordo teria sido utilizado como instrumento de chantagem, e Moro e os procuradores tinham a intenção de se valer da rede de relações sociais de Garcia para investigar políticos e empresários de destaque. Para isto, o ex-juiz teria forjado uma atividade criminosa em um consórcio do qual Tony Garcia fazia parte, e ele se tornou alvo.
Feito o acordo, Tony Garcia teria passado a receber "missões" por parte de Moro, e que o ex-juiz o orienta a comprar um gravador para registrar determinadas conversas.
Assista a trecho da entrevista:
Ironicamente, o mesmo gravador com que Tony gravou possíveis "alvos" de Moro teria sido utilizado para gravar o próprio juiz, e os procuradores envolvidos no acordo.
Segundo Tony Garcia, essas mesmas ilegalidades cometidas contra ele partir de 2004 foram, posteriormente, utilizadas na Lava Jato.
- Relembre os detalhes da entrevista aqui.