Ex-juíza Ludmila Grilo diz que está "exilada" nos EUA
Ela ganhou notoriedade nas redes sociais em janeiro de 2021, ao defender, em plena pandemia, a "aglomeração de pessoas nas praias e festas do litoral brasileiro" com a hashtag #AglomeraBrasil.
Da Redação
quinta-feira, 4 de janeiro de 2024
Atualizado às 14:57
A ex-juíza Ludmila Lins Grilo, aposentada compulsoriamente pelo TJ/MG, anunciou, nesta quarta-feira, 3, que está "exilada" nos Estados Unidos há dois anos, após, segundo ela, vivenciar episódios de perseguição política no Brasil.
Excluída das redes sociais por determinação do STF, a ex-magistrada compartilhou a informação por meio da plataforma Locals.
Ludmila Lins Grilo ganhou notoriedade nas redes sociais em janeiro de 2021, ao defender, para sua audiência de mais de 130 mil seguidores no Twitter na época, a "aglomeração de pessoas nas praias e festas do litoral brasileiro" com a hashtag #AglomeraBrasil. Posteriormente, foi afastada pelo CNJ e acabou sendo aposentada compulsoriamente pelo TJ/MG em maio de 2023. A ex-juíza também foi alvo de investigação devido a ataques aos ministros do STF.
No comunicado publicado, Ludmila menciona que optou por manter sua saída do país em sigilo por mais de um ano e afirma sentir-se segura "na terra da liberdade", justificando sua decisão com a alegação de uma "ditadura que se instalou no Brasil".
"Todo aquele perseguido por ditaduras que escolhe permanecer no país é obrigado a colocar o rabinho entre as pernas e se calar para se proteger. Não é o meu caso. Contem comigo."
Ela diz também que "toda essa trama envolvendo os atos persecutórios praticados pelo STF, mais especificamente por Alexandre de Moraes, assim como pelo CNJ e TJ/MG foi detalhadamente documentada e entregue às autoridades americanas".
Veja a publicação:
Deixei meu amado Brasil em 2022.
Mantive tudo em segredo por mais de um ano.
Esse foi meu segundo réveillon nos Estados Unidos da América, a terra da liberdade onde eu escolhi viver, e que caridosamente me acolheu e me protegeu da ditadura que, miseravelmente, se instalou no meu país.
Passei todo esse tempo reorganizando minha vida, e chegou a hora de revelar o que aconteceu.
Sou, oficialmente, uma juíza brasileira em asilo político nos Estados Unidos.
Eu era uma juíza em atividade quando aportei em terras americanas. Em silêncio, continuei exercendo meu trabalho por videoconferência, cumprindo toda a agenda diária da vara criminal. Sofri calada todo tipo de difamação quanto à minha conduta profissional, pois ainda não podia revelar que eu não morava mais no Brasil.
No dia de meu afastamento do cargo, silenciei sobre minha condição de asilada política, pois eu ainda estava me documentando. Além disso, eu ainda tinha bens no país, e era necessário salvaguardá-los.
Toda essa trama envolvendo os atos persecutórios praticados pelo STF, mais especificamente por Alexandre de Moraes, assim como pelo CNJ e TJMG foi detalhadamente documentada e entregue às autoridades americanas.
Da mesma forma, narrei minuciosamente o desprezo que aqueles órgãos tiveram com a minha segurança física, e como eles, maliciosamente, utilizaram-se da minha situação de risco pessoal para atacar a minha honra.
Meus alunos e apoiadores não precisam mais se preocupar: a identidade de vocês não está mais acessível ao Brasil.
Já estou em contato com juristas e jornalistas americanos. Espero, daqui de fora, fazer o que vocês não podem mais fazer daí.
Cada conta de rede social que for bloqueda, cada ataque do STF, cada lawfare, cada ameaça, ainda que virtual, serão utilizados em meus processos nos EUA, e também serão entregues aos profissionais da mídia e da justiça estrangeiros que acompanham meu caso.
Todo aquele perseguido por ditaduras que escolhe permanecer no país é obrigado a colocar o rabinho entre as pernas e se calar para se proteger. Não é o meu caso. Contem comigo.
Que Deus salve nosso país desses tiranos de toga que tomaram de assalto nossa liberdade.