Imprensa pede cautela ao STF sobre tese que responsabiliza jornais
Corte decidiu que veículos de imprensa podem responder por ato ilícito de entrevistado, mas ainda não fixou tese. Em editorial, jornal O Globo diz esperar "sensibilidade e firmeza".
Da Redação
quarta-feira, 16 de agosto de 2023
Atualizado às 12:00
O STF julgou, no último dia 14, processo no qual foi reconhecida a responsabilidade de jornal por ato ilícito cometido por entrevistado. No caso, entrevistado imputou crime a terceiro.
Os ministros, no entanto, ainda não definiram tese sobre o tema para fins de repercussão geral, de modo que o tema segue em julgamento pela Corte.
O assunto é, de fato, de grande interesse de todos os veículos de comunicação, e da sociedade. No julgamento, cinco ministros seguiram o entendimento de Alexandre de Moraes no caso concreto. Sua tese, considerada mais dura, por sua vez, ainda não prevaleceu, e há outros seis votos com posicionamentos mais brandos.
Em editorial publicado nesta quarta-feira, 16, o jornal O Globo afirma que, como no centro da controvérsia está a liberdade de informação, "espera-se da Corte sensibilidade e firmeza", para que consagre liberdade com responsabilidade.
O editorial destaca que a atividade jornalística pressupõe a busca incessante da verdade sobre os fatos, divulgados ao leitor ainda quentes, à medida que chegam ao conhecimento dos jornalistas, no calor da luta pela informação. "Erros podem acontecer. A imprensa pode errar primeiro, assim como, nas palavras do ministro Nelson Hungria, o STF tem o 'supremo privilégio de errar por último'."
Assim, o matutino opina que "apenas a má-fé e a negligência grosseira" justificam punir um veículo de comunicação. Penalizar erros involuntários, por sua vez, "provocaria um efeito silenciador em toda a imprensa", com consequências desastrosas para a qualidade da informação consumida pela sociedade brasileira.
- Leia o editorial.