"Quer me fazer de otário": Advogado xinga, juiz vê crime e oficia PF
Magistrado apontou possíveis crimes de ameaça e ato atentatório à dignidade da Justiça, e remeteu os autos a MPF, MPT, Corregedoria e OAB.
Da Redação
sexta-feira, 4 de agosto de 2023
Atualizado às 15:45
Uma petição carregada de ofensas e erros ortográficos foi juntada por advogado em processo que corre na 13ª vara do Trabalho do Rio de Janeiro. Na peça, ele direciona sua fala ao juiz e diz que "o obreiro foi passado para trás, foi feito de otário, exatamente o que vc quer fazer comigo". E continua: "sinto lhe informar que vai cair do cavalo."
"Não seja venal, não venda sua sentença", diz ainda o causídico ao magistrado.
Leia trecho:
O causídico é o mesmo que disse em petição que o Estado é incompetente, a polícia é "calça frouxa" e que o oficial de Justiça "mostrou-se imprestável". A matéria foi publicada no Migalhas nesta quinta-feira.
Apuração
Em despacho, o juiz do Trabalho Eduardo Mussi Dietrich Filho verificou "total falta de educação e urbanidade na petição retro, para se dizer o mínimo".
Mais ainda, considerou a conduta muito mais grave.
Sendo assim, oficiou a Polícia Federal para as providências cabíveis em relação ao possível cometimento do crime de ameaça e eventuais outros crimes.
Oficiou, ainda, MPF e MPT para apuração, destacando-se a possibilidade de ato atentatório à dignidade da Justiça.
E, por último, o Conselho Federal da OAB e a OAB/RJ, em razão de possíveis violações à lei que regula a profissão de advogado, "ora envergonhada pela conduta em referência".
A Corregedoria do TRT da 1ª região também foi oficiada para eventuais providências, "a fim de noticiar a conduta do advogado a outras unidades jurisdicionais".
Quanto ao processo, foi extinto sem resolução de mérito.
- Confira o despacho do juiz.
Processo: 0100565-42.2023.5.01.0024