MIGALHAS QUENTES

  1. Home >
  2. Quentes >
  3. TJ/SP: Empréstimo bancário com juros de 1.269,72% ao ano é abusivo
Contrato bancário

TJ/SP: Empréstimo bancário com juros de 1.269,72% ao ano é abusivo

De acordo com o desembargador, os percentuais superaram inúmeras vezes o dobro da taxa média aplicada pelo mercado.

Da Redação

segunda-feira, 31 de julho de 2023

Atualizado em 2 de agosto de 2023 14:11

A 22ª câmara de Direito Privado do TJ/SP, em decisão unânime, manteve sentença da 2ª vara Cível de Franca/SP, proferida pelo juiz de Direito Marcelo Augusto de Moura, que condenou um banco a refazer contrato de empréstimo por considerar abusiva a taxa de juros aplicada de 1.269,72% ao ano. 

Cliente de uma instituição financeira ingressou com ação para limitar os juros aplicados em seu contrato de financiamento e determinar a devolução das diferenças dos valores. O banco alegou em sua defesa a legalidade da taxa aplicada.

O relator do recurso, desembargador Roberto Mac Cracken, apontou em seu voto que os percentuais aplicados na contratação do empréstimo superam em muitas vezes o dobro da taxa média aplicada pelo mercado da época. 

"A jurisprudência, para efeito de reconhecimento da abusividade dos juros, em casos análogos, considera como discrepância substancial a taxa praticada pelo dobro da média de mercado para operações similares, apurada pelo Banco Central".

 (Imagem: Freepik)

De acordo com o desembargador, juros do financiamento superaram o aceito pela prática do mercado.(Imagem: Freepik)

O julgador também destacou que não houve no contrato assinado respeito aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, sendo, desta forma, cabível a "readequação dos instrumentos contratuais discutidos à taxa média do mercado referente à data das contratações".

O magistrado avaliou que estão presentes no caso em análise indícios de dano social em razão da habitualidade, tendo listado 50 decisões do TJ/SP contra o banco também por juros muito superiores à média do mercado. 

Por isso determinou que a decisão fosse encaminhada para que instituições como a Procuradoria Geral de Justiça de São Paulo, DPE/SP, Procon/SP e Banco Central do Brasil tomem medidas que considerem adequadas.

O advogado Josias Wellington Silveira, do escritório Silveira Advogados e Associados, atua no caso.

Confira o acórdão

 

Informações: TJ/SP.

Patrocínio

Patrocínio Migalhas