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Entrevista

Exclusivo: Advogado da vítima de Robinho fala do caso e de polêmicas

Jacopo Gnocchi disse em entrevista ao Migalhas que confia na Justiça brasileira, e que espera que a pena seja efetivamente cumprida "no Brasil ou na Itália".

Da Redação

sexta-feira, 23 de junho de 2023

Atualizado às 08:12

Em entrevista exclusiva à TV Migalhas, o advogado italiano Jacopo Gnocchi, que representa a vítima do caso Robinho, contou detalhes do processo e comentou o vazamento de áudios dos acusados e pedido de indenização.

Impunidade

O advogado falou da condenação de Robinho e Ricardo Falco, ressaltando que, para ele e sua cliente, é indiferente que a pena seja executada na Itália ou no Brasil, desde que seja cumprida.

"A condenação foi definitiva e acertada. Eles tiveram a possibilidade de se defender, diante de 15 juízes, diante da Justiça italiana. Robinho e Falco se defenderam, participaram do processo. Seus advogados realizaram o trabalho defensivo e os juízes fizeram a escolha deles."

Por fim, o advogado diz que tem confiança na Justiça brasileira, e que considera o Brasil um grande país. "Um paraíso, mas não um paraíso da impunidade", ressaltou

Áudios vazados

Acerca dos áudios antigos e recentes que vazaram na mídia brasileira, Jacopo disse que ele e a vítima escutaram e leram a transcrição, e que isso causou um "choque psicológico" na albanesa.

"Uma coisa é o que a pessoa sabia e se lembrava, outra e ver tudo o que sabe escrito, dito, repetido. Tem um grande impacto psicológico, midiático e emotivo para quem escuta e também para quem tenha sido vítima desse tipo de crime horrendo", ressaltou.

Para ele, o tom dos diálogos é um confronto à vítima e às mulheres.

"Ler a transcrição é um 'conto'. Eu, anos atrás quando li a transcrição... Eram frases certamente violentas, era evidente o que havia ocorrido. Os juízes mesmo disseram: 'esse crime é horrendo, não é contestável'."

Pedido de indenização

Perguntado, o advogado falou que o fato de o caso envolver um jogador famoso, uma celebridade, não mudou nada. Para ele, do ponto de vista midiático, antes da condenação, foi difícil, pois havia muitos comentários em sites e redes sociais dizendo que a vítima "queria dinheiro".

Jacopo deixa claro na entrevista que, em momento algum, tratava-se de dinheiro. Ele explicou que houve um pedido de indenização anexado ao processo, mas que nunca foi o intuito principal.

O juízo de primeiro grau estipulou 60 mil euros de indenização para a vítima, o que equivale, hoje, a cerca de R$ 314 mil. Segundo o advogado, o valor poderia ser muito maior, mas eles não quiseram recorrer, enfatizando que "não era o objetivo do processo, foi um processo para fazer justiça a uma pessoa que sofreu abuso sexual".

"Gostaria de ir a todas essas pessoas que comentam nos sites, no Facebook, em redes sociais, e contar o que sabemos, as provas que temos. Não importa se é o jogador de uma grande sociedade esportiva. O que foi feito, está feito."

O caso

O jogador de futebol Robinho foi condenado no dia 19 de janeiro na última instância da Justiça italiana, pelo crime de violência sexual de grupo (ou estupro coletivo), cometido há nove anos em Milão, quando jogava pelo Milan.

O julgamento se deu na 3ª seção Penal do Supremo Tribunal de Cassação, em Roma. A pena é de nove anos de prisão, com multa de 60 mil euros (R$ 374 mil). A condenação e a pena também foram confirmadas para o amigo do jogador, Ricardo Falco. 

Em fevereiro, a Justiça italiana solicitou o cumprimento de pena do jogador no Brasil. O pedido foi registrado pela Procuradoria de Milão, e representou o primeiro passo para o pedido de extradição e a apresentação de um mandado de prisão internacional contra o jogador.

O processo em trâmite no STJ discute a possibilidade de homologação da sentença italiana e, em caso positivo, da transferência da execução da pena do jogador para o Brasil.

Com vista do ministro João Otávio de Noronha, o caso deve voltar à pauta em 1º de agosto.

  • Confira entrevista do ministro explicando o processo.

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