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Direitos autorais

Criação de biquíni de crochê baiano acaba em briga judicial nos EUA

O modelo foi criado por Solange Ferrarini, uma artesã que vive em Trancoso.

Da Redação

segunda-feira, 15 de maio de 2023

Atualizado às 09:26

Foi carregando suas criações penduradas em um bambolê e vestindo um short de crochê colorido, um top de biquíni semelhante e uma camiseta sem mangas que Solange Ferrarini recebeu a equipe de Migalhas para um bate-papo ao pé de uma árvore que ela mesma plantou há mais de duas décadas, em Trancoso, cidade litorânea no Estado da Bahia.

Solange mudou-se para o distrito praiano em 1994. Ela alugou um quartinho em uma pousada para tentar ganhar dinheiro com o artesanato. Adepta do nudismo, ela se incomodava de passar por uma igreja com os seios à mostra no final do dia e, por esse motivo, desenvolveu um top de crochê, para lhe proporcionar mais liberdade. O modelo evoluiu para um biquíni, com triângulos de brim, pontos de crochê e elásticos coloridos.

Assista:

A peça, que em um primeiro momento foi feita apenas para si, caiu no gosto do público e Solange passou a vendê-la pelas praias de Trancoso. Até hoje, todos os biquínis são feitos à mão, custam R$ 600 o conjunto e são vendidos apenas na casa da artesã ou em duas lojas físicas da cidade.

Tudo ia bem para Ferrarini até que, em 2013, uma turca naturalizada americana chamada Ipek Irgit, de férias no Brasil, comprou um de seus biquínis, criou um protótipo na China e lançou nos EUA uma peça muito parecida, com o mesmo design. A marca da estrangeira ganhou o nome de Kiini.

 (Imagem: Reprodução)

Biquínis foram lançados pela turca Ipek em 2013. Site da Kiini vende modelos.(Imagem: Reprodução)

Anos mais tarde, Solange descobriu que sua criação tinha virado uma queridinha no mundo da moda. Determinada a fazer valer seus direitos autorais, com a ajuda de uma estrangeira, ela entrou na Justiça americana, em Nova York. O caso ganhou repercussão internacional e chegou a ser noticiado pelo Fantástico, da Globo, e pelo jornal The New York Times.

 (Imagem: Reprodução)

Reportagem sobre o biquíni de Solange Ferrarini no The New York Times.(Imagem: Reprodução)

Porém, para sua grande frustração, ela conta ao Migalhas que o processo acabou arquivado. "A Justiça diz que eu deveria fazer a denúncia até 2016, mas só fiz em 2019. Isso aconteceu porque os advogados me pediam dinheiro antecipado e eu não tinha", revelou.

 (Imagem: Reprodução)

Biquíni da esquerda: Solange Ferrarini. Biquíni da direita: Irgit.(Imagem: Reprodução)

Cabisbaixa, ela se diz muito triste e decepcionada com toda a situação. "Nenhuma das pessoas que copiou o meu biquíni entrou em contato comigo nem para agradecer", lamentou.

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