STF derruba lei do DF sobre instalação de lacres em postos de gasolina
Lei propunha a instalação de lacres eletrônicos para o controle de abertura e fechamento dos tanques de gasolina em postos de gasolina.
Da Redação
terça-feira, 2 de maio de 2023
Atualizado às 15:21
O Plenário do STF declarou, por maioria, a inconstitucionalidade de lei no DF que obrigava as distribuidoras de combustíveis a colocar lacres eletrônicos para o controle de abertura e fechamento dos tanques dos postos que exibissem a marca da distribuidora, mas excluía da regra os postos de "bandeira branca", que não são vinculados a nenhuma distribuidora de combustível.
Na sessão virtual finalizada em 24/4, o colegiado julgou procedente o pedido formulado na ADIn 3.236, proposta pelo governo do DF contra a lei local 3.228/03.
Desigualdade
Em seu voto, que prevaleceu no julgamento, a relatora, ministra Cármen Lúcia, afastou o argumento apresentado pelo governo de que a lei impugnada teria invadido competência da União. Segundo a ministra, a matéria objeto da norma - produção, consumo e responsabilidade por dano ao consumidor - está no rol das competências concorrentes da União, dos estados e do Distrito Federal, previstas no art. 24 da CF/88.
Contudo, ao examinar a alegação de inconstitucionalidade material, a relatora reconheceu que a lei afronta os princípios da proporcionalidade, da igualdade e da razoabilidade. Isso porque os serviços prestados pelos postos de revenda comprometidos com distribuidoras de combustíveis e aqueles sem marca são os mesmos, por competirem ambas no mesmo ramo de atividade.
Assim, ao se excluírem os postos "bandeira branca" da obrigatoriedade de terem instalação de lacres eletrônicos, esses empreendimentos terão custo final menor. Para a ministra, a lei configura desigualdade de tratamento e desequilíbrio da relação de concorrência entre os postos, a partir da imposição de instalação de oneroso equipamento, com ônus de multa àqueles que descumprirem a norma.
Divergência
Ficaram vencidos os ministros Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux, André Mendonça e Nunes Marques. Em seu voto-vista, o ministro Barroso divergiu da relatora quanto à existência de vício material na norma impugnada. Para o ministro, ao determinar a instalação do lacre eletrônico somente aos postos que ostentam logotipo ou bandeira, a lei apenas prevê uma forma de garantir ao consumidor que o combustível constante do tanque localizado na revendedora é proveniente da distribuidora cuja marca é exibida, protegendo seus interesses quanto a preço, qualidade e oferta dos produtos.
Não votou o ministro Edson Fachin, sucessor do Ministro Joaquim Barbosa, que já havia votado neste caso.
Informações: STF.