Justiça francesa absolve Air France e Airbus por acidente do voo 447
Tribunal entendeu que houve "homicídio involuntário". Queda de aeronave no Oceano Atlântico em 1ª de junho de 2009 deixou 228 pessoas mortas.
Da Redação
segunda-feira, 17 de abril de 2023
Atualizado em 18 de abril de 2023 07:28
Após 14 anos que um avião da Air France caiu no Oceano Atlântico, a companhia aérea e a fabricante francesa de aeronaves Airbus foram absolvidas da acusação de homicídio culposo pelo tribunal de Paris. O voo 447, que fazia a rota Rio de Janeiro-Paris, desapareceu durante tempestade em junho de 2009, deixando 228 mortos.
A Justiça entendeu que houve "homicídio involuntário", ao considerar que, apesar de terem cometido "falhas", não se "pôde demostrar (...) nenhuma relação de causalidade segura" das empresas com o acidente.
Na decisão, o juiz apontou que a Airbus cometeu "quatro imprudências ou negligências", em particular por não ter substituído os modelos de sondas Pitot chamadas "AA", que pareciam congelar com maior frequência nos aviões A330 e A340, e por "reter informações".
Já quanto à Air France, o Tribunal Francês entendeu que houve "imprudência culposa", com relação aos métodos de distribuição de uma nota informativa dirigida aos seus pilotos sobre a falha das sondas.
Mesmo com os apontamentos, o tribunal entendeu que "uma relação de causalidade provável não é suficiente para tipificar um crime. Neste caso, como se trata de falhas, não foi possível demonstrar nenhum nexo de causalidade com o acidente".
O processo sobre o voo tinha sido arquivado em 2019, mas foi reaberto em 2021. Ambas as empresas se declararam inocentes.
As audiências de julgamento duraram nove semanas e chegaram ao fim em dezembro do ano passado. As autoridades tiveram quatro meses para analisar os novos depoimentos colhidos e dar o veredito.
Em uma decisão de homicídio involuntário corporativo, a multa máxima é de 225 mil euros.
O acidente
Em 2009, o avião da Air France caiu no dia 1º de junho no Oceano Atlântico, poucas horas após ter decolado na capital fluminense. Com 216 passageiros e 12 tripulantes, o acidente foi o mais letal da história da aviação comercial francesa.
Só após dois anos da queda do voo 447, os destroços foram encontrados a 3.900 metros de profundidade do oceano, incluindo as caixas-pretas do voo.
Os investigadores franceses descobriram que os pilotos lidaram mal com a perda temporária de dados dos sensores, que ficaram congelados, e levaram a aeronave, de 205 toneladas, para um estol aerodinâmico, ou queda livre, sem responder aos alertas.
O AF447 provocou ampla revisão sobre treinamento e tecnologia e é visto como um dos poucos acidentes que mudaram a aviação. As reformas, no entanto, seguiram o ritmo metódico da regulamentação global ou ficaram atoladas em desacordos da indústria.
Entre dezenas de recomendações de segurança, especialistas dizem que a investigação levou a mudanças críticas na forma como os pilotos são treinados para lidar com problemas no ar ou perda de controle.
Informações: Agência Brasil