Livraria Cultura pede na Justiça suspensão do decreto de falência
Falência foi decretada no último dia 9. Empresa alega que, apesar de atrasos, está cumprindo plano de recuperação.
Da Redação
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023
Atualizado às 13:25
A Livraria Cultura protocolou na Justiça um pedido de suspensão do processo de falência. O recurso foi aceito nesta quarta-feira, 15, pelo TJ/SP.
Ao pedir a revisão do decreto de falência, a empresa afirma que está em dia com seu plano de recuperação judicial. Admite que houve atrasos no cumprimento de obrigações e pagamentos, mas lembrou da situação econômica durante a pandemia, e que está adimplente com suas obrigações.
Disse, ainda, que quitou o valor de R$ 1.679.790,62, apresentado como pendente, e que no momento só não quitou valores referentes às dívidas com o Banco do Brasil, mas que está em tratativas de acordo com a instituição financeira.
Segundo a defesa da companhia, a Cultura pagou mais de R$ 12 milhões a quase 3.000 credores nos últimos quatro anos. Ela argumenta que ir em frente com a recuperação judicial é mais benéfico para os credores do que a falência.
A liminar em agravo foi analisada pelo desembargador Artur Cesar Baretta da Silveira, presidente da seção de Direito Privado, que concordou com os pontos apresentados pelas empresas, autorizando a distribuição, com urgência, do agravo de instrumento.
O recurso é assinado por Felsberg Advogados.
- Veja o pedido da empresa e o despacho que autorizou a distribuição.
Falência
O pedido de recuperação judicial foi apresentado em 2018, depois de uma crise que se estendia. Na ocasião, a Livraria Cultura declarou ter R$ 285,4 milhões em dívidas.
No último dia 9, o juiz de Direito Ralpho Waldo de Barros Monteiro Filho decretou a falência em decorrência de suposto descumprimento do plano judicial.
Na sentença, o juiz de Direito Ralpho Waldo De Barros Monteiro Filho cita palavras de José Saramago sobre a livraria: "linda, uma catedral de livros, moderna, eficaz e bela", e pontua ser notório o papel da livraria, "de todos conhecida", não apenas para a economia, mas para as pessoas, para a sociedade.
No entanto, destaca que o grupo não conseguiu superar sua crise econômica. Segundo o juiz, o plano de recuperação judicial vinha sendo descumprido e a prestação de informações no processo vinha sendo feita de modo incompleto.
- Acesse a sentença de falência.
Lojas lacradas
Decretada a falência, um passo posterior seria uma possível lacração das lojas pela administradora judicial, para que ativos sejam leiloados.
O jornal Folha de S.Paulo informou que, na última sexta-feira, 10, editoras começaram a recolher seus livros da loja do Conjunto Nacional, em São Paulo, deixando um cenário de prateleiras vazias e caixas espalhadas. O receio das editoras, segundo o matutino, era não conseguir recuperar os estoques caso a livraria fosse lacrada.
- Processo: 2032207-18.2023.8.26.0000