Quem é o designer das cadeiras dos ministros do Supremo? Eis a questão
Jornais lamentaram que um item de Zalszupin tenha sido depredado - mas a autoria das cadeiras é, de fato, um imbróglio.
Da Redação
terça-feira, 10 de janeiro de 2023
Atualizado em 1 de agosto de 2023 09:37
No último domingo, o STF foi palco de cenas de destruição e vandalismo. Foram quebrados vidros, móveis e até obras de arte. Entre os objetos depredados, estavam as cadeiras usadas pelos ministros nas sessões do plenário do STF.
Vários jornais lamentaram não só a destruição mas o fato de terem estragado um item que seria de autoria do renomado arquiteto e designer polonês Jorge Zalszupin. O judeu, nascido em Varsóvia, sobreviveu ao Holocausto fugindo para a Romênia, onde estudou arquitetura. No pós-guerra, imigrou para o Brasil.
Naturalizado brasileiro, Zalszupin ficou conhecido como um dos maiores ícones do design e do modernismo nacional, tendo transformado o mobiliário brasileiro entre as décadas de 40 e 60, valorizando a madeira maciça e as formas curvas da arquitetura moderna. Entre suas famosas criações está a mesa Pétala. Ele morreu aos 98 anos, em agosto de 2020.
De fato, o Museu do Holocausto, em Curitiba/PR, faz referência ao arquiteto. A instituição afirma que as cadeiras usadas pelos ministros foram projetadas por Zalszupin nos anos 1960 a pedido do próprio Niemeyer, que convidou o polonês para desenvolver móveis para os gabinetes e palácios na construção da capital Federal.
No entanto, ao que parece, pode ter havido um engano, e a famosa cadeira seria assinada pelo designer norte-americano Vincent Cafiero, em 1958.
Nascido em 1930, Cafiero atuou como designer sênior da Knoll Planning Unit de 1956 a 1967, e liderou muitos dos maiores projetos de design de interiores da empresa. Uma de suas marcas registradas é a coleção de assentos executivos distintamente retangulares - uma reação aos designs excessivamente curvilíneos das cadeiras populares na época.
Ao "dar um google", é evidente a semelhança da criação do designer com as cadeiras escolhidas para o plenário do STF.
Mas a resposta para este imbróglio - quem assina e como a cadeira chegou lá -, só os historiadores da Justiça poderão dizer.
Sorteio
Migalhas tem, de fato, familiaridade com a prestigiada cadeira. Em 2016, usando do quarto poder da imprensa, nomeamos um leitor para ocupar uma poltrona idêntica à dos ministros - quer dizer, quase idêntica, porque era em couro preto.
No Informativo nº 4.000, sorteamos a peça de desejo a um de nossos sortudos leitores. Relembre aqui.