Promotor diz que advogada "rebolou" para convencer Júri
"Não vou me calar", disse ela, ao pontuar que foi ofendida e desrespeitada no exercício da função.
Da Redação
quinta-feira, 24 de novembro de 2022
Atualizado às 13:59
Em um julgamento no Tribunal do Júri de Taubaté/SP, uma advogada foi acusada pelo promotor de "rebolar" para convencer os jurados. A criminalista Cinthia Souza rebateu o 1º Promotor de Justiça Auxiliar de Taubaté, Alexandre Mourão Mafetano:
"Rebolando? O senhor me respeite. Está achando que estou aqui fazendo o que? Eu estou aqui trabalhando. Vai me desrespeitar porque sou mulher? O senhor meça suas palavras. Estou aqui exercendo a minha profissão, tanto quanto você."
Assista:
O episódio aconteceu em outubro, mas só agora ganhou repercussão nas redes sociais. A advogada afirmou que foi ofendida no exercício da função e que não vai se calar.
"Fui ofendida e desrespeitada no exercício da minha função no Plenário do Júri, tudo porque o ilustre promotor de justiça foi advertido pela pelos defensores sobre citar o silêncio parcial do réu e respondeu 'a dra tem o costume de rebolar'. Não aceito e não vou me calar."
O julgamento
Cinthia e Alexandre estavam em um debate entre defesa e acusação, quando, segundo a advogada, o promotor insinuou que o fato de o réu ter escolhido ficar em silêncio era prova de sua culpa. A advogada destacou que isso é um direito constitucional, e não poderia ser citado pela autoridade ou insinuado como se o réu tivesse algo a esconder.
No embate, o promotor disse que ela tem o "hábito de rebolar" e, após a resposta da advogada, perguntou se ela já tinha acabado o show.
Machismo na advocacia
Em entrevista ao Universia, a criminalista Cinthia Souza afirmou que há muito machismo na advocacia, sobretudo na criminal.
No Instagram, a ação do promotor foi fortemente criticada. "Misoginia expressa e declarada", disse Mário Nacif, no perfil @papodecriminalista.
A advogada ganhou o apoio de vários colegas nos comentários: "Lamentável a postura do representante do MP"; "postura firme e impecável".
"Cadê a OAB pra pedir uma punição exemplar? Cadê o próprio MP pra punir exemplarmente o membro que envergonha toda uma instituição? Lamentável", diz um comentário.
Também foi criticado o juiz que presidia a sessão e, ao que parece, não teria tomado atitudes diante do episódio.