Congresso CAM-CCBC debate o futuro da Arbitragem
Evento reuniu mais de 400 pessoas em SP. Na ocasião foi instituída a Comissão de Diversidade, que busca reduzir desigualdades regionais e dar oportunidades igualitárias a negros, membros da comunidade LGBTQIA+ e pessoas com deficiência.
Da Redação
quarta-feira, 19 de outubro de 2022
Atualizado às 12:13
Terminou ontem, em SP, o IX Congresso CAM-CCBC de Arbitragem. Durante dois dias, o evento reuniu a nata da comunidade arbitral. Mais de 400 pessoas estiveram reunidas para debater o futuro da resolução de conflitos, nacionais e internacionais. Foram abordados temas como "Novas Tendências nas Disputas do Setor de Energia", "Arbitragem e Insolvência em Disputas Transnacionais", "Regulando a Arbitragem Societária", "Publicação de Sentenças Arbitrais: O Futuro ou Utopia?", "O Futuro da Arbitragem na Perspectiva das Partes", além de palestras magnas internacionais de Giuditta Cordero-Moss e Bernard Hanotiau. Também foi lançamento o Novo Regulamento de Arbitragem do CAM-CCBC.
O novo regulamento da entidade traz mecanismos mais modernos de consolidação e desobriga a escolha do árbitro pela lista, porém ela continua sendo importante por promover a diversidade, inclusão e participação novos entrantes no mundo da Arbitragem. "Desde que eu entrei na Instituição em 2015 nós tínhamos 14% de mulheres na lista de árbitros. E hoje eu tenho a honra e o orgulho de dizer que nós temos com 35,2% de mulheres. Então a lista continua sendo um referência de profissionais chancelados pela instituição e também como uma porta de abertura para novos entrantes com diversidade étnico-racial", explica a presidente, Eleonora Coelho.
Sobre a pauta da diversidade, durante o roundtable New Generation foi instituída a Comissão de Diversidade, que busca reduzir desigualdades regionais e dar oportunidades igualitárias à negros, membros da comunidade LGBTQIA+ e pessoas com deficiência.
A relevância do tema se mostra latente a partir de breve pesquisa feita durante o evento. Os números mostraram que a comunidade arbitral é elitizada e precisa dessa oxigenação. Entre os participantes, 79% estudaram em escola particular durante a maior parte da vida escolar, 85% teve acesso a ensino de qualidade da língua inglesa, 92% não é PCD, 53% nunca precisou mudar de cidade para ter melhores oportunidades de emprego, 69% nunca foi subestimado profissionalmente por sua região ou cidade, 82% já trabalhou em locais que os maiores cargos eram ocupados por homens e 94% não tem colegas trans no ambiente de trabalho, entre outros privilégios.
Importante ressaltar que apesar do sistema favorecer certos grupos, o CAM-CCBC volta os olhos para essas minorias adotando medidas afirmativas e aumentado as oportunidades entre os desiguais. Nesta edição, foi possível vem um aumento no número de mulheres e negros entre os participantes e palestrantes.
Profissionais de diversas localidades também trocaram experiências e discutiram como a tecnologia pode contribuir para as arbitragens internacionais, estimulando o debate entre os agentes estrangeiros.