"Mexer com minha esposa ultrapassou limites", diz Bolsonaro a Moraes
"Você um dia vai dar uma canetada e me prender? É isso que passa pela sua cabeça?", questionou Bolsonaro direcionando o discurso ao ministro Alexandre de Moraes.
Da Redação
quarta-feira, 28 de setembro de 2022
Atualizado às 14:11
Nesta terça-feira, ato contínuo, Bolsonaro mais uma vez atacou o ministro Alexandre de Moraes durante sua live semanal.
O presidente comentou a decisão do ministro que determinou a quebra do sigilo bancário do assessor da presidência tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, após as despesas da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, serem divulgadas.
"Alexandre, você mexer comigo, é uma coisa. Você mexer com a minha esposa, você ultrapassou todos os limites. Você está pensando o que da vida? Que você pode tudo e tudo bem? Você um dia vai dar uma canetada e me prender? É isso que passa pela sua cabeça?"
Bolsonaro ainda disse com direcionamento a Moraes: "esqueça minha esposa".
A quebra de sigilo foi determinada pois, segundo reportagem da Folha de S.Paulo, material analisado pela PF indicou movimentações financeiras para pagar contas pessoas da família e de pessoas próximas a Michelle.
Na live, Bolsonaro ainda falou sobre o fato de o ex-presidente do STF Joaquim Barbosa ter declarado apoio a Lula nas eleições, dizendo que a matéria com o vídeo de apoio "choca".
"Ele condenou muita gente com propriedade. Depois de ter uma passagem pelo Supremo, ninguém entende por que que renunciou. Alguma coisa aconteceu, cada um pode pensar o que bem entender, eu não vou falar o que penso. Ele se preocupou com alguma coisa, ou não sei. Agora grava vídeo de apoio ao Lula?"
No vídeo a que Bolsonaro se refere, Joaquim Barbosa diz que alertou os brasileiros, em 2018, que Jair Bolsonaro seria "uma péssima escolha", que o atual presidente "não é um homem sério" e que "não serve para governar um país como o nosso, não está a altura, não tem dignidade para ocupar um cargo dessa relevância".
O ex-presidente do STF afirma que Bolsonaro é visto como "um ser humano abjeto, desprezível" e "pessoa a ser evitada" nas grandes democracias.
Segundo o ministro, o "isolamento internacional" causado por Bolsonaro faz com que o Brasil perca oportunidades. Assista.
Outro ministro do STF que também se manifestou foi Celso de Mello, declarando voto em Lula no primeiro turno. Segundo o ministro, a atuação de Bolsonaro na presidência da República "revelou a uma Nação estarrecida por seus atos e declarações a constrangedora figura de um político menor, sem estatura presidencial, de elevado coeficiente de mediocridade, destituído de respeitabilidade política, adepto de corrente ideológica de extrema-direita que perigosamente nega reverência à ordem democrática, ao primado da Constituição e aos princípios fundantes da República".
Ainda segundo declaração do ministro, o comportamento do atual presidente é "vulgar, de todo incompatível com a seriedade do cargo que exerce" e "causou o efeito perverso de vergonhosamente degradar a dignidade do ofício presidencial ao plano menor de gestos patéticos e de claro e (censurável) desapreço ao regime em que se estrutura o Estado Democrático de Direito".
"Em defesa da sacralidade da Constituição e das liberdades fundamentais, em prol da dignidade da função política e do decoro no exercício do mandato presidencial e em respeito à inviolabilidade do regime democrático , tenho uma certeza absoluta: NÃO votarei em Jair Bolsonaro!!! É por tais razões que o meu voto será dado em favor de Lula no primeiro turno."