População do Chile desaprova proposta de nova Constituição
Em 2020, a população decidiu que a atual Constituição, aprovada por Pinochet durante a ditadura, deveria ser substituída.
Da Redação
segunda-feira, 5 de setembro de 2022
Atualizado às 10:29
A proposta de nova Constituição do Chile foi rejeitada pela população. O plebiscito realizado neste domingo, 4, registrou 13.016.943 votos, e significou derrota para o governo de Gabriel Boric.
Com 99,99% das urnas apuradas, foram registrados 61,86% dos votos contrários, e 38,14% a favor da nova Carta. Todas as regiões do país rechaçaram a proposta. A votação começou às 8h e se encerrou às 18h.
- Leia a íntegra da proposta rejeitada.
Mais de 50.000 pessoas apresentaram justificativa para não votarem no plebiscito. Foi a 1ª votação obrigatória no país desde 2012. Para aquelas que não justificaram a ausência, a multa é de 180 mil pesos (cerca de R$1.000, na cotação atual). Cerca de 15 milhões de chilenos estavam aptos a participar.
Antiga x Nova
Em outubro de 2020, 80% dos chilenos votaram a favor de uma nova Carta, para que fosse aposentada a Constituição de 1981, promulgada na ditadura militar por Pinochet.
Dois anos depois, porém, não houve consenso para a aprovação do novo texto, que foi redigido por uma Assembleia Constituinte composta em sua maioria por legisladores independentes de esquerda.
Para redigir o conteúdo da nova Carta Magna, os chilenos elegeram 155 membros para compor a chamada "Convenção Constitucional". Entre eles estão 78 homens e 77 mulheres, com idade média de 45 anos.
O texto seria construído baseado em dez pilares: democracia; inclusão; tradição institucional; garantias de direitos; liberdade; igualdade de gênero; proteção da natureza e do meio ambiente; regiões; projeção futura e economia responsável.
Agora, Boric informou que convocará os principais partidos do país para formular uma proposta, que será enviada ao Congresso. Uma reunião foi marcada para esta segunda-feira, 5.
Diante da derrota, ele afirmou que "a democracia sai mais robusta". Segundo ele, "é preciso escutar a voz do povo, devemos ser autocríticos".