MIGALHAS QUENTES

  1. Home >
  2. Quentes >
  3. Fachin se reúne com advogados para enfrentamento da violência política
Defesa do sistema eleitoral

Fachin se reúne com advogados para enfrentamento da violência política

Grupo Prerrogativas apresentou propostas de colaboração ao enfrentamento à violência política e defesa da democracia e do processo eleitoral.

Da Redação

terça-feira, 26 de julho de 2022

Atualizado em 27 de julho de 2022 10:41

O Grupo Prerrogativas se reuniu nesta terça-feira, 26, com o ministro Edson Fachin, presidente do TSE, para propor ações de enfrentamento à violência política nas eleições.

Os advogados apresentaram propostas de colaboração para o aumento de observadores internacionais na eleição; acompanhamento dos inquéritos que apuram violência partidária pelos TREs; importância de acompanhamento das candidaturas de grupos minoritários para garantir a diversidade e hipotecar apoio e solidariedade ao Tribunal e seus ministros pelos ataques sofridos.

 (Imagem: Antonio Augusto/Secom/TSE)

Fachin se reúne com advogados para propostas de defesa às eleições.(Imagem: Antonio Augusto/Secom/TSE)

Defesa da democracia e do processo eleitoral

No encontro, Fachin fez discurso em defesa da democracia, e ressaltando a importância da preocupação dos advogados e advogadas com a vida pública no país. "Não há justiça sem sociedade civil e advocacia fortes e em dialogo, nomeadamente para defender o processo eleitoral, as eleições, e próprio Estado democrático de direito", salientou.

Em duras palavras, Fachin criticou o negacionismo eleitoral. Ao final, ainda enfatizou:

"Avisem os tiranetes, podem tirar sua tirania do caminho que vamos passar com a democracia."

O presidente do TSE falou aos advogados sobre o ataque às urnas, a violência política, e os esforços que a Justiça Eleitoral fará.

"O ataque às urnas eletrônicas como pretexto para se brandir cólera não induzirá o país a erro. Há 90 anos, criamos a Justiça Eleitoral para que ela conduzisse eleições íntegras e o Brasil confia na sua Justiça. Não toleraremos violência eleitoral subtipo da violência política. A Justiça Eleitoral não medirá esforços para agir, a fim de coibir a violência como arma política enfrentar desinformação como prática do caos."

Para o ministro, os advogados do Grupo têm uma missão relevante: "contribuir para iluminar o tempo do porvir e para obstar que um grande ocaso novamente se abata sobre o Brasil".

Paz e segurança

O ministro Mauro Campbell, corregedor da Justiça Eleitoral, também participou do encontro. Ao falar para os advogados, ressaltou: "Somos uma Corte, não um boteco. Aqui reina a paz e a segurança, quanto mais ataques são feitos, maior nossa força e mais exalamos paz e segurança. A corte não vai responder ataques infundados, nem bater boca, vai decidir."

Christine Peter, secretária-geral, ressaltou a relevância do TSE Mulher, coordenado pela ministra Maria Claudia e pela procuradora eleitoral Raquel Branquinho, que está dando apoio às candidatas de todo país contra a violência política de gênero.

Participaram do encontro os advogados Marco Aurélio de Carvalho, Alessandra Camarano, Marcelise Azevedo, Carol Proner, Mauro Menezes, Michel Saliba, Daniela Teixeira, Juliano Breda, Luiz Viana e Kenarik Boujikian.

 (Imagem: Antonio Augusto/Secom/TSE)

Grupo Prerrogativas se reúne com Fachin com propostas para eleições.(Imagem: Antonio Augusto/Secom/TSE)

  • Confira o discurso na íntegra de Fachin:

Cumprimento as advogadas e os advogados aqui presentes. É louvável a preocupação com a democracia e a vida pública no país. Não há justiça sem sociedade civil e advocacia fortes e em dialogo, nomeadamente para defender o processo eleitoral, as eleições, e próprio Estado democrático de direito.

É nosso dever exercitarmos a escuta e o diálogo como formas próprias de uma sociedade plural e diversa, como, aliás, tem sido as audiências e encontros nesta Presidência, com as defesas técnicas dos mais diversos candidatos, sem distinções nem privilégios. Cumpre respeitar todas as cosmovisões.

A Justiça Eleitoral está preparada para as Eleições Gerais de 2022. Os números impressionam: mais de 156 milhões de eleitoras e eleitoras, sendo mais de 82 milhões do sexo feminino e pouco mais que 74 milhões do sexo masculino; haverá eleições em 5.570 cidades, mais 181 no exterior, por meio de 496.512 seções eleitorais; praticamente 500 mil urnas eletrônicas serão utilizadas.

Realizaremos eleições e os eleitos serão diplomados.

O calendário eleitoral está em dia. A regra está dada. O TSE não se omitirá. A justiça eleitoral de todo o país não cruzará os braços: somos aproximadamente 22 mil servidores e servidoras; 3 mil magistrados eleitorais; 3 mil membros do Ministério Público com atuação eleitoral; 27 tribunais regionais eleitorais altamente capacitados e preparados; seremos mais de 2 milhões de mesárias e de mesários.

O TSE não está só, porquanto a sociedade não tolera o negacionismo eleitoral.

O ataque às urnas eletrônicas como pretexto para se brandir cólera não induzirá o país a erro. Há 90 anos, criamos a Justiça Eleitoral para que ela conduzisse eleições íntegras e o Brasil confia na sua Justiça.

Amarrada à Constituição e à institucionalidade, qual Ulisses de Homero, a Justiça eleitoral não se fascina pelo canto das sereias do autoritarismo, não se abala às ameaças e intimidações. Somos juízes, e nosso dever é abrir os nossos ouvidos à Constituição e às suas cláusulas pétreas democráticas, como bem pontuou metaforicamente o filósofo norueguês Jon Elster.

A agressão às urnas eletrônicas é um ataque ao voto dos mais pobres; escreveu o professor Marcus André Melo em artigo ontem publicado:

"O impacto foi avassalador para o eleitorado analfabeto: (...) Entre 1980 e 2000, o Brasil ostentava o título do campeão de votos inválidos na América Latina.

A introdução da urna eletrônica muda radicalmente as coisas: em 2000, os votos inválidos caíram de 41% para 7,6%, um recuo de 82%. A EC 25/85, que garantiu o voto dos analfabetos foi simbólica; a uma foi um instrumento que emancipou de facto' o eleitorado pobre."

Preparamos eleições pacíficas. Paz e segurança nas eleições propugnamos.

Não toleraremos violência eleitoral subtipo da violência política. A Justiça Eleitoral não medirá esforços para agir, a fim de coibir a violência como arma política enfrentar desinformação como prática do caos.

São patamares de contenção numa importante rede de proteção da democracia: (1) a sociedade civil, englobando entidades, lideranças empresariais, sindicais, religiosas, movimentos, articulações e frentes democráticas; (2) a imprensa livre, investigativa e interrogante, disseminando informações, fatos e evidências; (3) o Parlamento, cuja representação popular pressupõe precisamente eleições periódicas; (4) as forças de segurança cujo fim primordial é gerar segurança para o processo eleitoral, a serviço e nos limites do Estado democrático de direito; (5) a democracia como uma questão global da 'casa comum' da comunidade internacional; (6) a autoridade do Ministério Público eleitoral, sem omissões; (7) e a esses patamares se soma a Justiça Eleitoral. Não cederemos. Não nos curvaremos.

O quadro normativo para as eleições está estabilizado no prazo da lei. As instituições devem cumprir suas missões constitucionais. Deixo-vos um chamamento. Vossas Senhorias têm uma missão relevante: contribuir para iluminar o tempo do porvir e para obstar que um grande ocaso novamente se abata sobre o Brasil.

Patrocínio

Patrocínio Migalhas