Associações de magistrados apoiam juíza do Caso Henry: "intimidação"
Magistrada e defesa discutiram diversas vezes em audiência. OAB emitiu nota em apoio aos advogados. Agora, entidades saem em defesa da juíza.
Da Redação
domingo, 19 de junho de 2022
Atualizado às 10:41
A AMB - Associação dos Magistrados Brasileiros e a Amaerj - Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro emitiram nota de apoio à juíza de Direito Elizabeth Machado Louro, da 2ª vara Criminal do TJ/RJ, que conduz as audiências do caso Henry Borel.
Segundo as entidades, é "inaceitável que tentativas de intimidação violem a ordem de condução da audiência pela magistrada".
A nota (íntegra abaixo) foi divulga após mais um agastamento entre a magistrada e advogados do dr. Jairinho. Ela pediu que a defesa se sentasse, o que não foi atendido pelos advogados.
Assista:
Advocacia
Em seguida, a OAB emitiu nota de repúdio e pediu apuração da conduta da juíza, por "desarrazoada afronta à advocacia".
Magistratura
A nota foi assinada pelas presidentes das associações, Renata Gil (AMB) e Eunice Haddad (Amaerj).
"A AMB e a AMAERJ confiam na observância pelas partes das regras de boa convivência e, sobretudo, das normas legais, para que o processo tenha o seu curso normal, permitindo que a magistrada execute sua missão constitucional."
Outros episódios
Não foi a primeira vez em que juíza e advogados se desentenderam nas audiências do Caso Henry. No início do mês, a juíza disse que colocaria o advogado para fora do plenário se continuasse a interrompê-la.
No ano passado, a magistrada disse que o advogado não poderia ficar gritando na audiência, e que ele deveria tomar Rivotril.
Caso Henry
O menino Henry Borel, de 4 anos, chegou morto a um hospital no RJ em março de 2021 com hemorragias e edemas pelo corpo. O ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, padrasto do garoto, e a professora Monique Medeiros da Costa e Silva, mãe do menino, são julgados pela morte.
As investigações indicaram que dr. Jairinho agredia o menino com chutes e golpes na cabeça e chegaram a falar em tortura. Segundo a polícia, a mãe do garoto sabia das agressões. O MP concluiu que os dois foram responsáveis por homicídio duplamente qualificado.
Desafio
Nesta sexta-feira, 17, circulou um vídeo no qual a juíza falou das dificuldades de julgar o caso. Ela disse que vê o menino Henry em seu neto de três anos e chora, e que é um desafio não chorar na audiência.
Assista:
Leia a íntegra da nota das associações:
Nota pública
A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e a Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (AMAERJ) vêm a público manifestar apoio à juíza Elizabeth Machado Louro, cujo trabalho, em 25 anos de exercício profissional, sempre foi pautado pela observância aos marcos normativos e aos ritos processuais.
É inaceitável que tentativas de intimidação violem a ordem de condução da audiência pela magistrada, o que, inclusive macula o princípio do devido processo legal.
A AMB e a AMAERJ confiam na observância pelas partes das regras de boa convivência e, sobretudo, das normas legais, para que o processo tenha o seu curso normal, permitindo que a magistrada execute sua missão constitucional.
Renata Gil - Presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB)
Eunice Haddad - Presidente da Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (AMAERJ)