OAB/RJ: Golpe direcionado a advogadas é pretexto para abuso sexual
Os golpistas usam uma proposta de emprego na assessoria jurídica de deputados federais de perfil conservador para atrair as vítimas.
Da Redação
sábado, 30 de abril de 2022
Atualizado às 12:34
A Comissão OAB Mulher da OAB/RJ recebeu a notícia de um golpe via WhatsApp direcionado a advogadas do Rio de Janeiro que usa uma proposta de emprego na assessoria jurídica de deputados federais de perfil conservador - Guilherme Mussi (Partido Progressistas-SP) e o Pastor Marco Feliciano (Partido Liberal-SP) são exemplos - para atrair as vítimas para uma situação de risco de abuso sexual. Há alguns dias, Mussi fez um alerta no Twitter sobre o uso não autorizado de seu nome.
Um dos relatos que a OAB Mulher recebeu dá conta de uma primeira abordagem, por mensagem de texto, de uma pessoa que se apresenta como Lucas. Em instantes, a vítima recebe uma chamada de telefone de um homem que se apresenta como o parlamentar. Na conversa, que durou quase 20 minutos, o falsário afirmou que estava contratando uma assessora jurídica para atuar em demandas no Rio de Janeiro. Pediu confidencialidade e contou ter encontrado o contato da advogada no LinkedIn.
O golpista desconversava quando a colega perguntava sobre as funções do cargo, até começar a usar termos com conotação sexual. Dizia ser necessário "agradá-lo" e que a advogada precisaria ser muito "obediente" para se manter contratada.
"Ele então disse que precisaria aplicar uma prova, que poderia ser escrita ou oral. Pedi que fosse escrita, mas sinalizei que minha capacidade técnica deveria ser analisada apenas por meio do meu currículo. A resposta foi: 'A senhora não entendeu, prefiro uma prova 'oral', referenciando o ato sexual", relata a vítima.
Quando a advogada expressou espanto com o rumo da conversa, o golpista disse que desistiu de contratá-la, já que os dois não estariam "falando a mesma língua". Àquela altura, o homem já havia proposto um encontro presencial na Alerj, onde a colega seria atendida numa sala de reunião, e a questionado sobre que meio de transporte usaria e o horário exato da chegada.
"Estamos em ano de eleições, então a advocacia feminina precisa ter muito cuidado ao avaliar ofertas de emprego, verificar bem as informações de quem faz a proposta e desconfiar sempre, já que os casos de violência contra mulheres advogadas vem aumentando. Num momento em que a classe sofre com a crise, é especialmente cruel que bandidos usem falsas oportunidades de trabalho como isca", diz a presidente da OAB Mulher, Flavia Pinto Ribeiro.
Informações: OAB/RJ.
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