Ministra apoia divulgar áudios de tortura para erros não se repetirem
Maria Elizabeth Rocha, do STM, destaca que o conteúdo faz parte da história do país.
Da Redação
terça-feira, 19 de abril de 2022
Atualizado às 10:18
A ministra Maria Elizabeth Rocha, do STM, disse que a divulgação dos áudios que detalham tortura na ditadura militar é importante para que "erros que foram cometidos não se repitam" na História do Brasil.
"Importante serem revelados esses áudios porque tudo faz parte da história do país, memória do país -- e para que erros não se repitam."
Áudios
As gravações foram reveladas pela jornalista Miriam Leitão, no jornal O Globo. Tratam-se de sessões do STM de julgamentos durante a ditadura. Desde 2018, esses áudios estão sendo analisados pelo historiador Carlos Fico.
Em entrevista ao jornal, Carlos Fico explicou que, em 2006, o advogado Fernando Fernandes pediu ao STM acesso às gravações, mas não conseguiu. Ele, então, acionou o STF, que determinou a liberação.
O STM, porém, não obedeceu a decisão e, em 2011, a ministra Cármen Lúcia determinou o acesso irrestrito aos autos, decisão posteriormente referendada pelo plenário.
Investigação
Nesta segunda-feira, 18, o vice-presidente, Hamilton Mourão, teria ironizado a possível investigação dos áudios.
"Apurar o quê? Os caras já morreram tudo, pô. [risos]. Vai trazer os caras do túmulo de volta?"
À jornalista Andrea Sadi, a ministra Maria Elizabeth disse que qualquer apuração depende, primeiro, da ação da Polícia Judiciária e do Ministério Público Militar -- o que nunca ocorreu. Ela também teria feito o que chamou de "defesa institucional" do STM.
Para ela, "do jeito que está sendo colocado", "parece que o STM não sabia das torturas" e não se "insurgiu contra as sevícias (barbaridades)".
"As torturas aconteceram e o STM reconheceu isso, inclusive, em documento, num acórdão unânime de um caso em 1977 (...) Agora, não julgou pois nunca houve --pelo menos eu não tenho conhecimento-- de uma ação do Ministério Público Militar. O STM não podia julgar sem ação penal. E todo mundo sabe que Judiciário só pode se pronunciar sob provocação."
Ainda na avaliação da ministra, o Judiciário falhou na ditadura militar; mas a ditadura provocou desgastes para as Forças Armadas como um todo, assim como fez para a imagem do STM.