Advogado viraliza ao comemorar vitória: "inocentei o moleque, mano"
O jovem negro defendido pelo advogado foi acusado de interceptação de veículo roubado: "após 3 anos de batalha judicial, consegui provar a inocência do Kaique!", disse ele.
Da Redação
quinta-feira, 17 de março de 2022
Atualizado às 21:21
"Mano, acabei de inocentar o moleque, mano. To três anos brigando nesse processo, tá ligado. Ontem, foi meu aniversário e eu pedi para Deus, para os orixás, eu preciso absolver esse moleque", foi o que disse o advogado Ewerton Carvalho, de SP, com os olhos cheios de lágrimas, nas suas redes sociais ao comemorar a vitória em um processo.
O caso no qual o advogado atuou envolve um acidente de carro, que estava em fuga, e acabou batendo em um estacionamento. Próximo ao local, estavam três jovens, que se aproximaram para ver o que havia acontecido. Posteriormente, a polícia chegou e deu voz de prisão a um dos jovens - esse que foi defendido por Ewerton Carvalho e, agora, inocentado.
No Instagram, o advogado contou que fez a defesa de seu cliente de forma gratuita e mostrou como foi a comemoração junto de seu cliente e família. Veja o post:
"O melhor presente de aniversário que eu poderia ganhar!
Após 3 anos de batalha judicial, hoje foi a última audiência de instrução e julgamento e consegui provar a inocência do Kaique!
Hoje eu recebi este amor dessa família preta periférica!
Isso não é sobre dinheiro, até pq a defesa do Kaique eu fiz de forma completamente gratuita! Isso é pelo amor ao povo pobre, pela luta, pela empatia e por justiça ???
Tudo valeu a pena!
Eu me emociono, eu sofro junto!
Toda sorte do mundo pra você, mlk! Tô aqui pra o que você e sua família precisarem!"
Contando mais do caso
Migalhas entrevistou Ewerton Carvalho para saber mais do caso: seu cliente foi acusado de interceptação de veículo roubado dentro do estacionamento do condomínio em que morava. O advogado conta que os policiais insistiam nas acusações durante as audiências. A linha de defesa de Ewerton, então, foi mostrar os vídeos das câmeras de segurança, nos quais foi possível demonstrar que o seu cliente nada teve a ver com as acusações.
Questionamos também como esse caso chegou às mãos de Ewerton. Foi através de Ludmilla, jogadora da seleção brasileira de futebol, que é sua amiga e estava no condomínio no momento em que aconteceu o episódio.
Humanizar o Judiciário
Ao Migalhas, Ewerton contou que sua área de especialidade, na verdade, é a contratual. Ele escolheu a seara criminal para praticar a advocacia pro bono. "Só pego casos específicos, em que a pessoa é inocente e não tem dinheiro para pagar uma boa defesa", disse.
"Se a gente acreditar que a advocacia continua sendo essa máquina de fazer girar honorários, eu acredito que a gente não vai conseguir humanizar o Judiciário."