EUA: Advogado fala dos riscos de atravessar a fronteira ilegalmente
Daniel Toledo, especialista em Direito Internacional, conta como o problema é constante nas fronteiras do México e aconselha que brasileiros desistam da tática.
Da Redação
domingo, 16 de janeiro de 2022
Atualizado às 08:05
A ida de brasileiros aos Estados Unidos através de métodos ilegais tem se tornando intensa nos últimos anos. Além de representar um forte perigo, dessa vez o método causou mais uma vítima desse tipo de travessia. A brasileira Jessiane Gonçalves, de 24 anos, arriscava há meses atravessar a fronteira do México com a ajuda de coiotes, mas foi deportada todas as vezes. Entretanto, a imigrante foi sequestrada, amordaçada, amarrada e posteriormente violentada pelos próprios coiotes. Ela foi encontrada por um fazendeiro da região, que a levou para um hospital em Ciudad Juarez.
Daniel Toledo, advogado que atua na área do Direito Internacional, fundador da Toledo Advogados Associados e sócio do LeeToledo PLLC, escritório de advocacia internacional com unidades no Brasil e nos Estados Unidos, alerta o quanto esse tipo de travessia é extremamente perigosa, e pontua que a intenção da brasileira era realmente viver no país de maneira ilegal.
O advogado relata alguns fatos que aconteceram após o sequestro da brasileira, mostrando que os coiotes querem apenas dinheiro.
"Ela foi chantageada, pediram 14 mil dólares para família e, ao perceberem que não conseguiriam mais qualquer outra quantia, a espancaram, e acreditando que ela tinha morrido simplesmente a largaram na região do deserto."
Daniel pontua ainda que Jessiane poderia ter sofrido consequências ainda piores, tendo em vista o ambiente que a jovem estava.
"É óbvio que ela não imaginava que poderia ser espancada, estuprada, sequestrada, que poderia morrer. Cobras, aranhas e escorpiões são extremamente comuns naquela região, ela provavelmente não colocou nada disso em consideração. Os coiotes na maioria dos casos são traficantes, seja de drogas, pessoas e até mesmo órgãos, então ela teve uma sorte imensa de não ser morta e ter seus órgãos extraídos."
Para o advogado, o futuro do Brasil pode ser nebuloso, mas ainda assim é importante que jovens brasileiros não busquem sair do país através da ilegalidade, e sim tentem mudar o atual cenário através do voto, pressionando governos para políticas públicas que realmente beneficiem o povo.
"Colocar a vida em risco é inadmissível. As pessoas têm outros caminhos. Talvez votar de forma consciente seja o ideal, lutar para que o país realmente comece a se conscientizar politicamente."
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