Novo Especial de Natal do Porta dos Fundos é alvo de ação na Justiça
Em 2020, STF manteve outro Especial de Natal da produtora ao considerar a liberdade de expressão.
Da Redação
quinta-feira, 16 de dezembro de 2021
Atualizado em 17 de dezembro de 2021 08:18
Mal foi lançado e o especial de Natal do Porta dos Fundos, que foi ao ar nesta quarta-feira, 15, na plataforma de streaming Paramount+, já é alvo de ação na Justiça. A Associação Centro Dom Bosco pede censura por "necessidade de proteger o sentimento religioso de uma violação grave".
"Te prego lá fora" é uma animação assinada por Fabio Porchat que ficciona a adolescência de Jesus Cristo e sua chegada ao "ensino médio". Desde que começou a ser divulgada, a produção sofre ataques nas redes sociais. Agora, a entidade buscou a Justiça contra as empresas que administram a Paramount no Brasil e o próprio Porta.
De acordo com a petição, a censura busca evitar "que a onda de intolerância contra àqueles que professam alguma religião não se agrave ainda mais".
Trama
No especial, para enfrentar os desafios como um aluno novato na Escola Municipal Eva & Adão, o personagem deixa para trás o comportamento benevolente e se torna um "bad boy", acreditando então que ninguém suspeitará que ele seja o Messias.
Num dos trechos do teaser, Jesus é questionado, por Lázaro, se ele guardaria uma imagem pornográfica, como o desenho dos pés de uma mulher inscrito num pergaminho. Em outra cena, Jesus vai a um prostíbulo e diz: "Isso não é de Deus". Ao que outra pessoa afirma, apontando para uma das garotas de programa: "Na verdade, aquela mais alta ali é exclusiva de Deus".
Liberdade de expressão
Anualmente a produtora de humor Porta dos Fundos publica especiais de Natal em dezembro, com sátiras religiosas. O filme de 2018, intitulado "Se beber, não ceie", venceu o Emmy Internacional por melhor comédia.
Em 2019, grupos religiosos moveram uma campanha contra o filme "A primeira tentação de cristo", exibido na Netflix. Na história, Jesus (Gregorio Duvivier) está prestes a completar 30 anos e é surpreendido com uma festa de aniversário quando volta do deserto, acompanhado do namorado, Orlando (Fábio Porchat).
A sátira com Jesus gay gerou indignação de setores religiosos, que pediram a censura da produção. Na véspera de Natal, a sede da produtorano RJ sofreu ataque e dois coquetéis-molotov foram lançados contra o imóvel.
A Justiça chegou a retirar do ar, mas em novembro de 2020, o STF determinou a manutenção do filme, em defesa da liberdade de expressão.