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Manifestação

PGR pede fim de inquérito contra Bolsonaro por associar vacina à Aids

Aras destaca que não houve inércia do MPF e aponta risco de nulidade por violação das regras de prevenção.

Da Redação

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Atualizado às 08:32

Em recurso apresentado nesta segunda-feira, 13, o procurador-Geral da República, Augusto Aras, pediu que o ministro Alexandre de Moraes reconsidere a abertura de inquérito que apura a conduta do presidente Jair Bolsonaro ao divulgar fake news que ligavam as vacinas contra covid-19 a um "risco ampliado" de desenvolver Aids.

Entre os motivos que justificam a solicitação, está a ilegitimidade da CPI da Covid, autora do pedido, a incapacidade postulatória da Advocacia do Senado para atuar no caso e a incompetência do ministro relator ante a ausência da alegada prevenção.

 (Imagem: Fellipe Sampaio/SCO/STF)

Aras pede fim de inquérito contra Bolsonaro por associar vacina à Aids.(Imagem: Fellipe Sampaio/SCO/STF)

Sustentou ainda que, ao contrário do afirmado na decisão pela abertura do procedimento, "jamais existiu qualquer inércia ministerial" em relação aos fatos apontados na PET: prática, em tese, de delitos de epidemia, infração de medida sanitária e incitação ao crime pelo presidente da República por conta da divulgação de notícias falsas e enganosas sobre estratégias de combate à pandemia.

Ao mencionar a atuação da PGR em relação ao relatório da CPI da Covid, Augusto Aras afirma que, após análise das condutas referidas no documento parlamentar, foram encaminhadas 10 petições sigilosas ao STF relacionadas a autoridades detentoras de foro por prerrogativa de função perante a Suprema Corte.

Pontua ainda que, em relação ao presidente da República, há uma petição de intimação para que ele possa esclarecer os fatos investigados, inclusive, requerendo ou apresentando novos elementos de prova. A providência mencionada pelo PGR - nesse e em outros fatos apontados pela CPI - foi adotada em prazo inferior a 30 dias do recebimento do relatório.

Falta de conexão

No recurso, um agravo regimental, Aras defende que os fatos mencionados no procedimento não são conexos com os apurados no Inq 4.781 (fake news), de forma que inexiste prevenção para a designação de relator. Segundo pontuou, a propagação de desinformação contra membros da Corte (objeto do 4.781) "não retrata a realidade dos eventos para os quais a presente investigação foi instaurada e postulada".

Ele lembra que violar regras de competência equivale a assumir riscos de anulação do procedimento apuratório e de futuras provas de ilicitudes, conforme previsto no Código de Processo Penal (art. 564, I).

Com base nos argumentos apresentados, o PGR requereu, no mérito, que o ministro reconheça que não houve inércia do MPF, reconsidere o pedido de instauração de inquérito e encaminhe o procedimento ao presidente da Suprema Corte para que seja redistribuído. Na avaliação de Aras, o caso deve ser analisado pelo ministro Luís Roberto Barroso, atual relator da PET que apura as condutas de Jair Bolsonaro apontadas no relatório final da CPI.

Fake news - Vacina e Aids

No final de outubro, durante uma transmissão ao vivo, Bolsonaro mencionou uma mensagem falsa que diz que relatórios oficiais do Reino Unido teriam sugerido que as pessoas totalmente vacinadas estariam desenvolvendo a Aids "muito mais rápido do que o previsto". De acordo com o presidente:

"Só vou dar notícia, não vou comentar. Já falei sobre isso no passado, apanhei muito...vamos lá: 'relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugerem que os totalmente vacinados... quem são os totalmente vacinados? Aqueles que depois da segunda dose né... 15 dias depois, 15 dias após a segunda dose... totalmente vacinados... estão desenvolvendo Síndrome da Imunodeficiência Adquirida muito mais rápido do que o previsto. Portanto, leiam a matéria, não vou ler aqui porque posso ter problema com a minha live."

Informações: MPF.

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