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Investigação | Crimes contra a honra

Justiça arquiva inquérito contra jornalista por críticas a procurador

A investigação policial foi pedida pelo procurador da República Ailton Benedito de Souza para apurar a prática de crimes contra a sua honra, em razão de postagens feitas no Twitter.

Da Redação

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Atualizado às 09:13

O juiz Federal Silvio Cesar Arouck Gemaque, da 9ª vara Criminal Federal de SP, determinou o arquivamento de investigação policial contra a jornalista Vera Magalhães instaurada a pedido do procurador da República Ailton Benedito de Souza para apurar a prática de crimes contra a sua honra, em razão de postagens feitas no Twitter.

Também foram arquivadas investigações contra outras três pessoas.

 (Imagem: Reprodução/YouTube)

Justiça arquiva inquérito contra jornalista Vera Magalhães.(Imagem: Reprodução/YouTube)

Em sua postagem, a jornalista criticou a postura do procurador, conhecido pelo seu viés bolsonarista e por defender o tratamento precoce para combater a covid-19. Eis o teor da publicação:

"Ailton Benedito é uma voz do autoritarismo e da ameaça à democracia infiltrado no MPF. Artífice da censura a professores universitários. Bolsonarista militante."

 (Imagem: Reprodução)

Post feito pela jornalista Vera Magalhães(Imagem: Reprodução)

Na manifestação pelo arquivamento da investigação, o procurador da República Denis Pigozzi Alabarse afirmou que as expressões utilizadas pelos acusados têm como motivação a extrema indignação com a emissão da nota técnica 24/21, do MPF/GO, na qual defendeu-se a cloroquina como opção para tratar o coronavírus.

"Deste modo, quando da análise dos comentários/conduta dos investigados, há de se considerar como plano de fundo, o histórico do representante em defesa ferrenha (pelo menos até certo momento) do chamado 'tratamento precoce' e suas variáveis, tudo dentro de um todo contexto político altamente polarizado, pois é deste plano de fundo que parece surgir a indignação e expressão dos investigados."

Na avaliação do procurador, em nenhuma publicação houve a intenção deliberada de ofender a honra do representante ministerial, mas sim de se insurgir, proferindo expressões contumeliosas em momento de exaltação, contra a propagação de tratamentos ineficazes contra a covid-19.

O juiz acolheu o pedido e arquivou as investigações.

A defesa de Vera Magalhães, feita pelos advogados Igor Sant'Anna Tamasauskas e Tiago Rocha, do escritório Bottini & Tamasauskas Advogados, ressaltou que: "o arquivamento do inquérito policial reforça que a pluralidade de opiniões é próprio do debate público e que críticas ácidas e duras, ainda que incômodas, dirigidas a agentes públicos - inclusive membros do MP -, configuram o mais legitimo exercício à manifestação do livre pensamento crítico, inerente a qualquer Estado Democrático de Direito".

Veja a decisão e a manifestação do MPF.

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