André Mendonça não é primeiro evangélico no STF, critica pastor
Religioso afirma que falas de Bolsonaro e seu indicado são mentirosas e não passam de ideia construída para agradar a um grupo.
Da Redação
terça-feira, 7 de dezembro de 2021
Atualizado às 11:44
Sob o clichê de "terrivelmente evangélico", foi intensa a campanha pelo ingresso do religioso André Mendonça para integrar a Suprema Corte. Mas, diferentemente do que muitos acreditam, ele não foi precursor deste feito.
Em um texto publicado na internet, o pastor batista Ariovaldo Ramos, e a jornalista e crente batista Nilza Valeria Zacarias, ambos coordenadores da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, fazem críticas ao indicado de Bolsonaro e à bandeira levantada que sugeria ser ele o primeiro representante dos evangélicos a compor o STF.
Ao reproduzir fala do próprio Mendonça, de que "nunca os evangélicos chegaram tão longe", os autores afirmam que a indicação do pastor presbiteriano não passa de uma ideia construída pelo presidente da República para agradar a um grupo religioso, "que ele faz parecer hegemônico", e que não passa de "mais uma mentira". "Mentira de Bolsonaro e mentira de André Mendonça."
O primeiro ministro evangélico no STF teria sido Antônio Martins Vilas Boas, mineiro, membro da Primeira Igreja Batista em Belo Horizonte, onde era diácono e professor da Escola Bíblica Dominical. Depois de suas atuações como advogado, foi desembargador do TJ/MG em 1946, e, em 1957, foi nomeado ministro do Supremo pelo presidente Juscelino Kubitschek. Quem discursou em sua posse foi Tancredo Neves. Ele permaneceu no STF até 66, quando foi pego pela compulsória.
- Parte da história do ministro Vilas Boas já foi contada inclusive pelo Migalhas. Relembre aqui.
No texto publicado no último sábado, 4, os religiosos fazem duras críticas ao governo atual, e lembram que o ministro Vilas Boas não foi escolhido por ser evangélico.
"Em um país imponente por seu tamanho e relevância, querem nos reduzir a nada, querem apoio de juízes e ministros para que seja possível comprar armas, e não feijão."
Eles destacam que o Jornal Batista, o veículo de comunicação oficial da Igreja Batista, da qual Antônio fazia parte, quando noticiou a nomeação do ministro Vilas Boas, "não celebra por ser um dos nossos no poder. (...) Não pede nada, não bate no peito para dizer que chegamos longe." E concluem dizendo que "quem chegou depois, dizendo que chegou antes, chegou usurpando um lugar na história".