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Trabalhista

Bancário demitido na pandemia não terá direito à reintegração

Segundo o Órgão Especial do TST, não há suporte jurídico para restringir a dispensa.

Da Redação

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Atualizado às 09:07

O Órgão Especial do TST rejeitou o recurso de um bancário do Bradesco no RJ que pedia para ser reintegrado por ter sido demitido durante a pandemia da covid-19. Segundo ele, o banco havia descumprido compromisso que previa a manutenção de empregos durante a pandemia. Contudo, por unanimidade, o colegiado entendeu que não há suporte jurídico para a ordem de reintegração.

 (Imagem: Gabriel Cabral/Folhapress)

(Imagem: Gabriel Cabral/Folhapress)

#nãodemita

O empregado sustentava que o Bradesco havia assumido o compromisso público de manter os vínculos contratuais durante a pandemia, ao aderir ao movimento #nãodemita. O movimento foi lançado no início de abril de 2020 e chegou a engajar milhares de empresas que se comprometeram a não reduzir seus quadros em razão da crise.

Esse compromisso, segundo ele, deveria perdurar durante o estado de calamidade pública, prorrogado pelo governo do Estado do Rio de Janeiro até 1º/7/21. Paralelamente à reclamação trabalhista, ele impetrou mandado de segurança visando à reintegração, deferida pelo juízo de primeiro grau.

Questão social

Contra a antecipação de tutela, o Bradesco impetrou mandado de segurança, mas a ordem foi mantida. O banco, então, propôs correição parcial no TST, argumentando que a reintegração fora avalizada pelo juízo de primeiro grau apenas com base no entendimento de que a situação pandêmica impediria o exercício do direito potestativo do empregador de demitir. Segundo o Bradesco, seu compromisso público era o de não demitir por 60 dias, e este prazo fora respeitado.

Suporte jurídico

Para o ministro Aloysio Corrêa da Veiga, corregedor-geral da Justiça do Trabalho, relator do caso, falta clareza quanto ao suporte jurídico da ordem de reintegração. "Não existe fundamentação quanto à hipótese de garantia de emprego que ampara a medida", avaliou. Segundo o ministro, a dispensa constitui direito potestativo do empregador, decorrente do poder de direção, "excetuadas as hipóteses legais que trazem previsão restritiva do exercício de tal direito", explicou.

Situações excepcionais

O corregedor-geral explicou que a lei 14.020/20 definiu as situações excepcionais de estabilidade no emprego durante a pandemia, limitando-as ao empregado que receber o benefício emergencial de preservação do emprego e da renda, decorrente da redução da jornada de trabalho e do salário ou da suspensão temporária do contrato de trabalho, e ao empregado com deficiência.

"Excetuadas essas hipóteses e as demais atinentes a garantias gerais de emprego que não encontram causalidade nas mazelas da pandemia da covid-19, não há respaldo no ordenamento jurídico para se restringir a decisão quanto à dispensa imotivada."

Boas intenções

Na avaliação do corregedor, o compromisso público de não demissão tem caráter meramente social. Trata-se, segundo ele, de uma "carta de boas intenções", sem conteúdo normativo que ampare a tese da estabilidade no emprego. "Seu eventual descumprimento enseja reprovação tão somente no campo moral, sem repercussão jurídica", concluiu.

A decisão foi unânime.

Veja o acórdão.

Informações: TST.t

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