Enfermeira ameaçada por colega no local de trabalho será indenizada
O réu também negou-se a colaborar em atendimento à paciente.
Da Redação
sábado, 2 de janeiro de 2021
Atualizado às 07:50
Enfermeiro que ameaçou agredir colega de trabalho e negou-se a colaborar em atendimento à paciente foi condenado a indenizar a vítima em danos morais. A decisão é da 3ª turma Recursal dos Juizados Especiais do DF, que negou o recurso do réu e manteve a sentença originária.
A enfermeira afirma que em janeiro deste ano solicitou ao colega que realizasse um curativo em um paciente, uma vez que ela estava ocupada com outro atendimento e o pronto socorro do Hospital de Sobradinho, onde trabalham, estava cheio.
Insatisfeito, ele se negou a fazê-lo, tendo a autora da ação levado o fato ao conhecimento da chefia. Sustenta que o réu é conhecido pelos colegas como alguém agressivo e explosivo. Inúmeros casos de explosão e constrangimento, segundo ela, já foram narrados por outros servidores do local. Todos contra vítimas do sexo feminino.
Em reunião, convocada pela supervisora, o réu teria partido para cima da autora, de forma agressiva e ríspida, e a encarou com intenção ameaçadora e intimidadora como quem a bateria. A situação foi levada à ouvidoria do hospital e ao Comitê de Ética, porém, em virtude do abalo psicológico sofrido, a servidora considera que faz jus, também, a uma reparação moral.
Ao analisar o recurso, o magistrado considerou que a postura do réu configura dano moral, tendo em vista as acusações da colega de trabalho restaram comprovadas pelos documentos e depoimentos juntados aos autos.
"O dano moral decorre de uma violação aos atributos da personalidade, atingindo, em última análise, a dignidade da vítima", explicou o julgador. "O dano extrapatrimonial está ínsito na ilicitude do ato praticado, capaz de gerar transtorno, desgaste, constrangimento e abalo emocional, os quais extrapolam o mero aborrecimento", destacou.
Ao decidir, o relator registrou que, na fixação do valor da indenização, é de grande importância levar em consideração a gravidade do dano, a peculiaridade do lesado, além do porte econômico da lesante.
"Também não se pode deixar de lado a função pedagógico-reparadora do instituto para impingir à parte ré uma sanção bastante a fim de que não retorne a praticar os mesmos atos". Assim, a turma considerou o valor de R$ 4 mil, arbitrado pelo juízo da 1ª instância, razoável e proporcional.
- Processo: 0701876-61.2020.8.07.0006
Veja o acórdão.