Home office: Escritórios de advocacia estendem modelo diante da alta na produtividade
Profissionais contam como serão as mudanças e quais as expectativas do trabalho online.
Da Redação
quarta-feira, 23 de setembro de 2020
Atualizado às 18:51
O home office é uma das principais mudanças da pandemia da covid-19 para os trabalhadores. Para muitos escritórios de advocacia, o trabalho online deve permanecer mesmo passada a pandemia. Em entrevista ao Migalhas, os profissionais contaram como serão as mudanças e quais as expectativas para o novo modelo de trabalho.
O escritório Moraes Pitombo Advogados realizou pesquisa interna que mostrou alta de 15% na produtividade e 85% dos advogados favoráveis ao home office, além de unanimidade entre clientes pela preferência por reuniões por videoconferência.
O sócio-fundador do escritório, Antônio Pitombo, explicou que decidiu reduzir em 70% o tamanho do seu escritório, gerando economia em contas de consumo e aluguel, que estão sendo revertidos no desenvolvimento de uma infraestrutura de TI, apta a permitir o trabalho remoto, instrumentos de pesquisa e ampliação de biblioteca digital.
"Prezamos pelo bem-estar das equipes e temos certeza de que esse modelo pode dar certo. Antes da pandemia, já tínhamos horários flexíveis e os advogados são conscientes do nosso foco em produtividade, qualidade técnica e resultados. Temos um time com muita qualidade intelectual e formado em grande parte por jovens."
Para a advogada Ana Paula Peresi, o isolamento social mostrou impacto positivo na sua rotina. Ela contou que, além de passar mais tempo em família e se dedicar aos estudos do mestrado, conseguiu otimizar as reuniões com clientes e aumentar sua produtividade no trabalho e se mudou para um bairro mais alinhado ao seu gosto pessoal.
"O trabalho remoto é positivo para as mulheres também no tocante à maternidade, uma vez que sempre tivemos um desafio em conciliar carreira com vida pessoal", concluiu a advogada.
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O escritório Rocha, Marinho E Sales Advogados, com sede em Fortaleza/CE, possui mais de mil profissionais trabalhando em home office desde o início da pandemia. Preocupado com a saúde dos colaboradores, o escritório só pretende retomar as suas atividades presenciais depois de fevereiro de 2021, caso haja uma vacina disponível.
A advogada Bárbara Gondim da Rocha, head de Gestão do Conhecimento e Inovação do escritório, ressaltou que o escritório tem investido em tecnologia, gestão do conhecimento e inovação ao longo dos anos e, portanto, possui a estrutura adequada para manter as atividades normais.
"Para ajudar na prevenção e acompanhar a saúde mental e física de todos, foi trazido para o online um projeto que antes era feito presencialmente, o 'RMS Talks', que passou a se chamar 'RMS Talks em casa', com lives motivacionais sobre os mais variados temas, além dos programas internos de gestão e boas práticas desenvolvidos durante este período para auxiliar e integrar as equipes."
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No Braga Nascimento e Zilio Advogados Associados, apenas os sócios coordenadores retornaram em meados de junho. Estão seguindo os protocolos do governo do Estado de SP e sugestões do Cesa - Centro de Estudos das Sociedades de Advogados e da OAB paulista.
"Após erros e acertos nos dias iniciais de abertura, analisaremos se o escritório reabrirá por completo ou se manteremos os demais profissionais em home office", explica o advogado José Ricardo dos Santos Luz Junior, gerente institucional da banca.
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Já o Nelson Wilians & Advogados Associados, escritório com filiais em todos os Estados do país, não tem data para retornar. As operações continuam intensamente em home office.
A advogada Ariane Rodrigues Vanço, sócia do escritório, assegurou que não há pressa de voltar e lembrou que como as aulas escolares seguem suspensas, muitos pais e mães se veem impedidos de retornarem presencialmente.
"Estou conversando muito com as pessoas do escritório porque as escolas ainda não voltaram, então mães e pais talvez não tenham como retornar porque os filhos estão estudando. Não tem problema, cada um terá seu tempo."
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O escritório Andrade Maia Advogados evidenciou, através de pesquisas realizadas pelo AM Fast Track (projeto focado na implantação estruturada de home office em parceria com ao Grupo GContt) que a produtividade dos trabalhadores melhorou ou melhorou muito para 46% dos pesquisados e manteve igual para 44,9% dos integrantes.
A supervisora de RH do escritório, Viviane Barcellos, explicou que serão necessários investimentos com aprimoramento de link de internet para todos integrantes, sede com mais tecnologia para realização de reuniões e audiências à distância e mais e melhores espaços de confraternização de clientes e público interno.
"Em SP, por questões já conhecidos de logísticas (distância e trânsito), evidenciamos a necessidade de reconceber o espaço. Assim, fizemos a retirada do backoffice da sede e voltaremos com um espaço focado em integração e eventos, tanto internos, como externo; tanto para o AM, como para o cliente. A sede se torna um ambiente não de trabalho, mas de reunião e confraternização."
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O escritório Nogueira, Haret, Melo e Maroli Advogados (NHM Advogados) seguirá um cronograma de desempenho aos advogados e estagiários: quem teve bom desempenho no home office durante a pandemia, deve permanecer no mesmo sistema, quem não teve, voltará ao sistema tradicional. Já para os trabalhadores que não são da área jurídica, permanecerão presentes no escritório.
Mário Nogueira, sócio do escritório, explicou que houve advogados que se saíram muito bem no sistema de home office, aumentando a produtividade na medida em que não precisavam mais perder um grande tempo do dia se deslocando da casa para o escritório.
"Além disso, o home office permitirá uma ampliação do quadro de colaboradores sem que sejam necessários remanejamentos nossa estrutura física."
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