Gilmar diz respeitar Forças Armadas mas defende que militares não devem ser recrutados para saúde
Para o ministro, a substituição de técnicos por militares no ministério da Saúde extrapola a missão institucional das Forças Armadas.
Da Redação
terça-feira, 14 de julho de 2020
Atualizado às 11:45
Ao enfatizar o respeito pelas Forças Armadas, o ministro Gilmar Mendes afirmou não ter atingido a honra da instituição quando disse que o "exército está se associando a genocídio" na pandemia.
O ministro esclareceu seu posicionamento, dizendo que a substituição de técnicos por militares nos postos-chave do ministério da Saúde deixou de ser um apelo à excepcionalidade e extrapolou a missão institucional das Forças Armadas.
"Estamos vivendo uma crise aguda no número de mortes pela covid-19, que já somam mais de 72 mil. Em um contexto como esse, a substituição de técnicos por militares nos postos-chave do ministério da Saúde deixa de ser um apelo à excepcionalidade e extrapola a missão institucional das Forças Armadas."
Gilmar disse durante live no último sábado, 11, não ser aceitável o vazio no comando do ministério da Saúde durante a pandemia e afirmou que, se o objetivo de manter um militar à frente da pasta é tirar o protagonismo do governo Federal na crise, "o Exército está se associando a esse genocídio".
Ontem o ministério da Defesa emitiu nota repudiando a fala do ministro e informando que seria encaminhada representação ao procurador-Geral da República para medidas cabíveis.
Veja a íntegra da nota de Gilmar:
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Ao tempo em que reafirmo o respeito às Forças Armadas brasileiras, conclamo que se faça uma interpretação cautelosa do momento atual. Vivemos um ponto de inflexão na nossa história republicana em que, além do espírito de solidariedade, devemos nos cercar de um juízo crítico sobre o papel atribuído às instituições de Estado no enfrentamento da maior crise sanitária e social do nosso tempo.
Em manifestação recente, destaquei que as Forças Armadas estão, ainda que involuntariamente, sendo chamadas a cumprir missão avessa ao seu importante papel enquanto instituição permanente de Estado.
Nenhum analista atento da situação atual do Brasil teria como deixar de se preocupar com o rumo das nossas políticas públicas de saúde. Estamos vivendo uma crise aguda no número de mortes pela Covid-19, que já somam mais de 72 mil. Em um contexto como esse, a substituição de técnicos por militares nos postos-chave do Ministério da Saúde deixa de ser um apelo à excepcionalidade e extrapola a missão institucional das Forças Armadas.
Reforço, mais uma vez, que não atingi a honra do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica. Aliás, as duas últimas nem sequer foram por mim mencionadas. Apenas refutei e novamente refuto a decisão de se recrutarem militares para a formulação e execução de uma política de saúde que não tem se mostrado eficaz para evitar a morte de milhares de brasileiros.