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Internação

Ministro Salomão autoriza liberação de advogada internada involuntariamente em clínica psiquiátrica

Além de considerar riscos de contágio por covid-19, ministro explicou não ser cabível a internação forçada de pessoa maior e capaz sem que haja justificativa razoável.

Da Redação

terça-feira, 16 de junho de 2020

Atualizado em 17 de junho de 2020 06:42

Em razão dos riscos de contaminação pelo novo coronavírus e da falta de demonstração de justificativa para a internação involuntária, o ministro do STJ Luis Felipe Salomão determinou a liberação de uma advogada que havia sido internada por supostos distúrbios psiquiátricos.

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De acordo com os autos, a internação foi solicitada pelo irmão da paciente sob o argumento de que a doença psiquiátrica estaria colocando em risco a vida dela própria e a de terceiros.

Contra a internação involuntária, foi impetrado habeas corpus, mas o juízo de 1º grau manteve a medida por entender que estavam atendidos os requisitos do artigo 6º da lei 10.216/01, a exemplo da apresentação de relatório médico especializado e da comunicação ao Ministério Público. A decisão foi mantida pelo TJ/MA.

Liberação

No novo pedido de habeas corpus, dirigido ao STJ, a defesa da advogada alegou que ela permanecia incomunicável na clínica psiquiátrica, já que o seu celular foi retido no momento da internação.

Ainda segundo a defesa, não foi esgotada a possibilidade de tratamento ambulatorial e, por isso, não haveria justificativa para a medida extrema de internação. Além disso, a defesa apresentou comprovantes de que a mulher tem residência própria e trabalha normalmente, sobrevivendo de seu próprio ofício.

O ministro Luis Felipe Salomão explicou que, conforme a jurisprudência do STJ, a internação, por se tratar de restrição à liberdade da pessoa, só deve ser adotada como última opção, em defesa do internado e, de forma secundária, da própria sociedade. Para o relator, não é cabível a internação forçada de pessoa maior e capaz sem que haja justificativa razoável.

No caso dos autos, além de considerar que a advogada demonstrou atuar em processos e ser responsável pelas suas duas filhas menores, Salomão ressaltou a existência de acusação de violência doméstica feita por ela contra o seu irmão -  autor do pedido de internação.

Ao deferir a liminar, o ministro também destacou que, por causa da pandemia de covid-19 e dos altos riscos de transmissão do vírus, tem-se recomendado que as pessoas respeitem o isolamento em suas casas, evitando hospitais, escolas e clínicas, especialmente em virtude das dificuldades para a garantia das normas de higiene e distanciamento dos indivíduos sintomáticos.

"Com vistas a reduzir os riscos epidemiológicos de contaminação da paciente pelo Covid-19, bem como diante da situação em concreto, tratando-se de pessoa maior, capaz, com domicílio e emprego fixo, parece temerária sua internação involuntária, sem que antes haja justificativa proporcional e razoável para a constrição de sua liberdade, tais como o esgotamento de tratamento ambulatorial e terapêutico extra-hospitalar".

Fonte: STJ.

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