MIGALHAS QUENTES

  1. Home >
  2. Quentes >
  3. PGR denuncia cinco suspeitos no caso de Marielle e Anderson Gomes
Caso Marielle

PGR denuncia cinco suspeitos no caso de Marielle e Anderson Gomes

Entre os denunciados está o conselheiro afastado do TCE/RJ Domingos Inácio Brazão, suspeito de interferir nas investigações e de plantar fake news.

Da Redação

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Atualizado às 12:51

Raquel Dodge, ainda no exercício da PGR, denunciou nesta terça-feira, 17, cinco pessoas por suspeita de envolvimento nos homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Ainda em relação ao caso, foi apresentado Incidente de Deslocamento de Competência (IDC) e requerida a abertura de inquérito para apurar o mandante dos crimes.

  t

Entre os denunciados está o conselheiro afastado do TCE/RJ Domingos Inácio Brazão, denunciado por ter se valido do cargo e da estrutura do gabinete na Corte de Contas para interferir no inquérito original que apurou os assassinatos. A denúncia teve como base as investigações da PF/RJ, enviadas à PGR no início deste mês.

Estão ainda um delegado Federal, uma advogada, um policial militar e um policial Federal aposentado, que era assessor de Brazão no Tribunal de Contas do Rio. Veja os nomes:

- Domingos Inácio Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro

- Gilberto Ribeiro da Costa, policial federal aposentado

- Rodrigo Jorge Ferreira, policial militar

- Camila Moreira Lima Nogueira, advogada

- Hélio Khristian Cunha de Almeida, delegado Federal

Para Raquel Dodge, há provas de que Brazão influiu no curso das investigações com o objetivo de que os verdadeiros culpados pelos assassinatos não fossem identificados, e que o miliciano Orlando Oliveira Araújo e o vereador Marcelo Moraes Siciliano fossem responsabilizados pelos crimes, respectivamente, como executor e mentor.

Fake News

De acordo com a denúncia, a estratégia do conselheiro afastado do TCE/RJ a fim de direcionar as investigações para outro rumo foi a de plantar notícias falsas que chegassem até a Polícia Civil do Rio, por meio de articulado esquema, passando, inclusive, pela PF. Brazão se cercava de pessoas influentes que o ajudavam na concretização do plano de afastar a linha investigativa que poderia identificá-lo como o autor intelectual dos crimes.

Por cerca de um ano, a estratégia - que envolveu policiais militares, advogados e assessores do conselheiro no TCE/RJ - funcionou, com a cooptação de pessoas para prestar depoimentos falsos e desviar o foco das investigações, que chegaram a Marcelo Siciliano como autor intelectual dos crimes.

"Com base nos relatos preliminares de Siciliano e do próprio Orlando, não há como desconsiderar que este cenário fosse de interesse de Domingos Brazão que, após seus percalços policiais e judiciais desde a Operação Quinto do Ouro - que o levou à prisão e o afastou de suas funções como conselheiro e vice-presidente do TCE/RJ em 29/03/2017 - vinha perdendo terreno em importantes redutos eleitorais para o vereador", diz trecho da denúncia.

Em depoimento ao MPF, Orlando alegou que sofreu pressão da Polícia Civil do Rio para que assumisse a autoria do assassinato da vereadora e de seu motorista e que, diante da negativa, passou a sofrer represálias, entre elas, a transferência da Penitenciária de Bangu para a Penitenciária Federal de Mossoró e a atribuição de outros crimes a ele. Ao MPF, Orlando também acusou o conselheiro afastado do TCE/RJ e seu irmão, Chiquinho Brazão, de serem os mandantes do duplo homicídio.

O relatório da PF aponta, com base em depoimentos, interceptações, busca e apreensões e análise de conversas via WhatsApp, que Brazão é o principal suspeito de ser o autor intelectual dos assassinatos de Marielle e Anderson. A PF cita, ainda, interceptações telefônicas que conectam Domingos Brazão a milicianos do denominado Escritório do Crime - formado por matadores de aluguel -, e que as mortes da vereadora e do motorista poderiam ter sido executadas por seus integrantes. Mas as investigações estariam sendo dificultadas devido às ligações do grupo com "graduados integrantes da Polícia Civil".

Na denúncia, a PGR destaca, ainda, que a deflagração da Operação Quinto do Ouro, em março de 2017, que provocou o afastamento de Brazão do TCE/RJ, "confirmou o upgrade em sua trajetória criminosa, sendo de conhecimento público que sua ascensão política se desenvolveu nas últimas décadas em franca sinergia com o crescimento das milícias e sua projeção nesses territórios do crime". A PGR requer a condenação de todos os denunciados pelos crimes de falsidade ideológica, favorecimento pessoal e de obstrução da Justiça.

Incidente de Deslocamento de Competência

Em relação ao IDC, o objetivo é que a investigação e posterior persecução criminal referente aos autores intelectuais dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes sejam federalizados. O IDC foi ajuizado junto ao STJ. Na peça, Dodge ressalta a importância - diante da gravidade dos fatos - de se manter o sigilo sobre o caso, já que há riscos às pessoas que podem colaborar com as investigações. Ela também requer a manutenção na esfera estadual do processo contra os executores dos crimes, que já foram identificados.

Raquel Dodge ressaltou, no pedido, que o assassinato de Marielle Franco consistiu em feminicídio de uma importante defensora dos direitos humanos e que lutava combatendo a violência policial e os grupos paramilitares, que contam "para seu agir desenvolto com laços com o aparato oficial". "Essas características das vítimas geram importante efeito inibidor para o exercício dos direitos humanos na sociedade, pois os assassinos demonstram sua força e certeza de impunidade ao atingir um defensor ou defensora de direitos humanos, intimidando e deixando inseguros os demais membros do grupo vulnerável envolvido", afirma no pedido.

A PGR também informa que, por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Defesa Coletiva, foi instaurado, em fevereiro deste ano, um Procedimento Preparatório de Incidente de Deslocamento de Competência (PPIDC) para acompanhar o desenrolar das investigações dos crimes. No documento, é citado também a requisição da PGR para que fosse instaurado um inquérito policial federal a fim de que fosse apurada a possível prática de organização criminosa, coação no curso do processo, fraude processual, entre outros crimes narrados em depoimentos e, possivelmente, relacionados aos assassinatos de Marielle e Anderson. Dodge cita o indeferimento do pedido de compartilhamento das investigações da PF com a PGR. "O presente Incidente de Deslocamento de Competência é fruto desse rigoroso acompanhamento por parte da Procuradoria-Geral da República, que enfrentou inclusive a oposição estadual".

A PGR cita o andamento das investigações dos crimes pela Polícia Civil e pela Polícia Federal no Rio de Janeiro e salienta que, apesar de quase um ano e seis meses após os assassinatos, os mandantes dos crimes ainda não foram identificados. "A investigação da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro não apontou claramente a motivação do crime ou sobre os seus possíveis mandantes. Sendo absolutamente indispensável o deferimento do presente incidente de deslocamento de competência", salientou a PGR no pedido de IDC, que depende da liberação do STJ. Para Raquel Dodge, "eventual fracasso da persecução criminal do mandante imporia a responsabilização internacional do Estado brasileiro".

A PGR afirma que a investigação Federal apontou Domingos Inácio Brazão, conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, como mandante dos crimes, o que atrai, a princípio, a competência do STJ para julgar o caso. "Mesmo assim, é imperiosa a federalização por meio do IDC para unir, de vez, toda a atividade estatal de apuração do mandante dos assassinatos em tela, evitando que a manutenção de inquérito da Polícia Civil possa gerar o risco de novos desvios e simulações".

Patrocínio

Patrocínio Migalhas
NEDER DA ROCHA & ADVOGADOS
NEDER DA ROCHA & ADVOGADOS

NEDER DA ROCHA & ADVOGADOS ASSOCIADOS

NIVIA PITZER SOCIEDADE INDIVIDUAL DE ADVOCACIA
NIVIA PITZER SOCIEDADE INDIVIDUAL DE ADVOCACIA

NIVIA PITZER SOCIEDADE INDIVIDUAL DE ADVOCACIA

instagram
ADRIANA MARTINS SOCIEDADE INDIVIDUAL DE ADVOCACIA
ADRIANA MARTINS SOCIEDADE INDIVIDUAL DE ADVOCACIA

Nosso escritório é formado por uma equipe de advogados especializados, nas áreas mais demandas do direito, como direito civil, trabalhista, previdenciário e família. Assim, produzimos serviços advocatícios e de consultoria jurídica de qualidade, com muito conhecimento técnico e jurídico. A...