Novos diálogos mostram conversas entre Deltan e Gebran, revelam Veja e Intercept
Desembargador é relator da Lava Jato no TRF-4.
Da Redação
sexta-feira, 12 de julho de 2019
Atualizado às 11:15
Mensagens do site The Intercept Brasil, analisadas por Veja, citam "encontros fortuitos" entre o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, e o desembargador do TRF da 4ª região João Pedro Gebran Neto, relator dos processos da operação no Tribunal.
De acordo com a publicação da revista nesta sexta-feira, 12, parte dos diálogos nos quais Gebran é citado se refere a Adir Assad, um dos operadores de propinas da Petrobras e de governos estaduais, preso pela primeira vez em março de 2015. Em setembro, ele acabou condenado pelo então juiz Sergio Moro a nove anos e dez meses de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Conforme a publicação, meses antes do julgamento do caso em segunda instância, Dallagnol comenta em um chat com outros colegas do MPF: "O Gebran tá fazendo o voto e acha provas de autoria fracas em relação ao Assad". O assunto é tema de outra conversa, de 5 de junho de 2017, entre Dallagnol e o procurador Carlos Augusto da Silva Cazarré, da força-tarefa da Procuradoria Regional da República da 4ª Região, que atua junto ao TRF.
No diálogo, ocorrido às vésperas do julgamento da apelação de Assad, Dallagnol mostra-se novamente preocupado com a possibilidade de Gebran absolver o condenado. Naquele momento, em paralelo, a força-tarefa negociava com o condenado um acordo de delação (esse acordo seria fechado em 21 de agosto de 2017). Daí a preocupação do MPF com a possibilidade de Assad ser absolvido e voltar atrás nas conversas sobre delação. No chat, Dallagnol aciona Cazarré, que fica em Porto Alegre, sede do TRF:
"Cazarré, tem como sondar se absolverão assad? (.) se for esse o caso, talvez fosse melhor pedir pra adiar agilizar o acordo ao máximo para garantir a manutenção da condenação.", escreve Dallagnol. "Olha Quando falei com ele, há uns 2 meses, não achei q fisse (sic) absolver. Acho difícil adiar", responde Cazarré. Na sequência, Dallagnol volta a citar Gebran: "Falei com ele umas duas vezes, em encontros fortuitos, e ele mostrou preocupação em relação à prova de autoria sobre Assad.". Dallagnol termina pedindo ao colega que não comente com Gebran o episódio do encontro fortuito "para evitar ruído".
- Veja a notícia da Veja em parceria com The Intercept Brasil.
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