Após condenação, Paulo Preto vira réu por corrupção e lavagem
Ele foi condenado na última quinta, 28, por fraude em licitação e formação de cartel.
Da Redação
sábado, 2 de março de 2019
Atualizado às 09:07
O ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, virou réu nesta sexta-feira, 1º, em processo em que é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro sob acusação de receber propina em obras viárias de São Paulo.
Na última quinta-feira, 28, ele foi condenado a 27 anos de prisão em processos sobre as mesmas obras viárias, mas por crimes diferentes, de fraude em licitação e formação de cartel.
Esta é a terceira vez que o engenheiro se torna réu em um processo da Lava Jato. O juiz Diego Paes Moreira, da 6ª vara Criminal Federal de SP, recebeu a denúncia feita pela força-tarefa do MPF/SP nesta sexta-feira.
Paulo Preto está preso desde o último dia 19 de fevereiro por ordem da juíza Gabriela Hardt, substituta de Moro na Lava Jato, por motivos não relacionados à nova denúncia.
Denúncia
Paulo Vieira de Souza foi diretor da Dersa, de 2005 a 2010, durante os governos de Geraldo Alckmin e José Serra, do PSDB. Segundo a acusação, entre 2007 e 2010, Vieira cobrou de 0,75% a 5% do valor medido de intervenções como o Rodoanel Sul, o sistema Viário Metropolitano e a Estrada Parque Várzea Tietê. A força-tarefa estima que dos R$ 126 milhões rastreados em contas atribuídas a Vieira na Suíça, R$ 27 milhões teriam origem nas propinas recebidas em São Paulo.
A denúncia tem como base as delações premiadas de Assad e de Roberto Capobianco, da Construcap. Segundo a procuradora Janice Ascari, pelo menos um dos delatores afirmou que embora os repasses fossem feitos a Vieira, os recursos teriam como destinação as campanhas eleitorais do PSDB. Pelo menos R$ 2 milhões para campanhas tucanas teriam sido pagas pela Construcap, por meio do lobista Adir Assad.
Vieira é apontado pelos procuradores como autor de pelo menos oito atos de corrupção e 13 operações de lavagem de dinheiro. Chefe do MPF paulista, o procurador Thiago Lacerda, afirmou que o ex-diretor da Dersa teve papel decisivo na "quadrilha que se formou no coração da Dersa".
Pronto para sentença
Na sexta, 1º, o ministro Gilmar Mendes decidiu destrancar ação, também da Lava Jato paulista, em que o engenheiro é acusado de peculato por desviar R$ 7,7 milhões de verbas de desapropriações relacionadas a obras do Rodoanel Sul.
Em 14 de fevereiro o ministro atendeu um pedido de liminar da defesa de Paulo Preto anulando a fase final do processo e reabrindo a possibilidade de produção de provas por parte dos réus do caso. Gilmar reconsiderou o caso nesta sexta e agora o processo está pronto para ser julgado.